Alquimia do guardião 2, 2019, de Tito Lobo | Foto: Isabella Matheus
Em 28 de novembro, o Sesc São Paulo abre ao público em sua unidade de Piracicaba a 15ª Bienal Naïfs do Brasil. Com curadoria de Ana Avelar e Renata Felinto, a Bienal reúne 125 artistas de 21 estados do país, além do Distrito Federal. A partir do tema Ideias para adiar o fim da arte – uma referência direta ao pensamento do líder indígena, ambientalista e escritor brasileiro Ailton Krenak e ao filósofo e crítico de arte americano Arthur Danto -, a exposição traz 212 obras em suportes diversos. São instalações, pinturas, desenhos, colagens, gravuras, esculturas, bordados, marcheteria e entalhes. Em diálogo com o corpo expositivo, as artistas Carmela Pereira, Leda Catunda, Raquel Trindade e Sonia Gomes integram a mostra a convite das curadoras.
Ana Mae Barbosa e Lélia Coelho Frota, mulheres intelectuais brasileiras que demonstraram em suas pesquisas a preocupação e o cuidado com o entendimento da pessoa artista e de sua produção de forma mais humana e plural, também são reverenciadas no processo curatorial desta 15ª edição da Bienal.
Inicialmente prevista para inaugurar em agosto deste ano, a mostra, que teve sua abertura adiada devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, poderá ser visitada gratuitamente pelo público de terça a sexta, das 14h às 20h e aos sábados, das 10h às 14h, mediante agendamento prévio pelo site. A permanência máxima na unidade é de 90 minutos e o uso de máscara facial é obrigatório para todas as pessoas durante toda a visita.
Visite as obras selecionadas aqui
A BIENAL
Realizada pelo Sesc São Paulo em Piracicaba desde o início da década de 1990, a Bienal Naïfs é um convite para o público refletir sobre os fazeres populares inventados por artistas. Nesta 15ª edição, a partir do título Ideias para adiar o fim da arte, a mostra traz discussões sobre temas como meio ambiente; o feminino como força social, como divindade e como figura do sagrado; as violências estruturais históricas; os espaços de coletividade e sociabilidade em ritos, festas e cerimônias; e o debate sobre objetualidade e utilidade.
Segundo Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo, “a longeva relação do Sesc com esse universo, que antecede à realização das Bienais Naïfs do Brasil, está ligada ao reconhecimento de que a arte popular merece um espaço condizente com sua relevância. Além disso, essa trajetória colaborou para que a própria instituição alargasse seus horizontes e sua compreensão sobre ação cultural, evidenciando as conexões entre cultura, democracia e cidadania. Cada nova edição impõe desafios sintonizados com contextos cambiantes e suas urgentes questões. Pois o presente é caleidoscópio de temporalidades, onde passados e futuros são disputados – e a arte é uma das principais expressões dessa tão humana condição”.
A CURADORIA
A partir da seleção feita pelas curadoras Ana Avelar e Renata Felinto – foram inscritas 980 obras, de 520 artistas com idades entre 19 e 87 anos – surgiram eixos temáticos, plurais e diversos, que compõem a mostra. O processo de seleção de trabalhos partiu do critério da representatividade e considerou as regiões de onde provêm e atuam esses artistas, suas declarações étnico-raciais, faixas etárias, os assuntos e as materialidades com as quais trabalham.
“Saltam aos olhos assuntos da maior relevância na imprensa hoje, como é o caso da questão premente da conservação ambiental, em particular no que diz respeito ao desmatamento na Amazônia, tema que há décadas ocupa o centro da política nacional, com negociações frequentes entre governos e órgãos internacionais, acionando avanços e retrocessos no debate ambiental. É também visível a associação da figura feminina à natureza, frequentemente como divindade. Nesse sentido, surgem imagens do sagrado e do fantástico, muitas vezes num amálgama sincrético de linguagens e religiões. As mulheres, aliás, são protagonistas de umas tantas cenas para além dessas fantásticas”, explica Ana Avelar.
“Nosso desejo durante a seleção foi de contemplar várias humanidades, que é a multiplicidade de cores. Nós temos, por exemplo, um grande número de pessoas não brancas participando dessa exposição, e isso é necessário porque é preciso equilibrar dentro das exposições, o número de participantes, as origens, as complexidades das pessoas humanas participantes de acordo com a complexidade da população constitucional brasileira. Temos um grande número de pessoas de povos originários e de pessoas que são consideradas também pretas, ou negras e pardas, de acordo com as categorias oficiais. E isso é muito estimulante porque foi a nossa tentativa de apresentar, na Bienal Näifs do Brasil, uma pluralidade do povo brasileiro”, ressalta Renata Felinto.
A ênfase desta 15ª edição da Bienal Naïfs numa crescente representatividade geográfica, étnico-racial, etária e de gênero, entre outros marcadores sociais, é, segundo a curadoria, uma maneira de estar à altura desse panorama. Os artistas naïfs constituem parte importante de tal questionamento, expandindo e relativizando os pontos de vista presentes na arte, campo tradicionalmente atrelado a distinções de classe. Maior diversidade de vozes e, portanto, de formas e cores, de assuntos e aproximações.
Serviço:
15ª Bienal Naïfs do Brasil – Ideias para adiar o fim da arte
Local: Sesc Piracicaba
Curadoria: Ana Avelar e Renata Felinto
Período expositivo: 28 de novembro de 2020 a 25 de julho de 2021
Visitação com agendamento: terça a sexta, das 14h às 20h; sábado, das 10h às 14h.
Tempo de visitação: 90 minutos
Agendamento de visitas aqui (acesso apenas pelo computador)
Classificação indicativa: Livre
Utilizamos cookies essenciais, de acordo com a nossa Política de Privacidade, para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.