Histórias de curumins – 6 livros sobre os povos indígenas para ler com as crianças

30/04/2021

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Foto: “Fala de bicho, fala de gente: cantigas de ninar do povo juruna” | Edições Sesc São Paulo

As histórias infantis ajudam no desenvolvimento do imaginário, da identidade, das capacidades cognitivas e da inteligência emocional nas crianças, além de serem uma importante ferramenta que contribui para aprimorar o vínculo afetivo com os pais e cuidadores. Já o ato de contar histórias é uma prática muito antiga e no caso dos povos indígenas ela configura-se como uma ação de resistência e de valorização cultural. Por meio dessa tradição, muito baseada na oralidade, as aldeias conseguem circular e atualizar seus saberes, fazeres e modos de viver.

Proporcionar a escuta dessas vozes indígenas pode, desde cedo, ensinar as crianças sobre a diversidade cultural e novos modos de viver em comunidade e a se relacionar com a natureza, a Terra, e o Cosmos. As visões indígenas abrem um outro horizonte possível frente ao mundo dominado pelos interesses econômicos e o consumismo desenfreado. Olhar essencial e urgente diante dos diversos impactos negativos que esse modelo de suposto “desenvolvimento” está promovendo no mundo, dentre os mais evidentes a crescente degradação ambiental e o aumento da desigualdade social.

Os livros podem ser um ótimo meio de registro dos saberes indígenas que são transmitidos por gerações, com os mais velhos contando as histórias, conhecimentos e ensinamentos aos pequenos curumins (palavra de origem Tupi para designar as crianças). Por ocasião do projeto Abril Indígena, a Isabelle Lucillo, instrutora de atividades infantojuvenis do Sesc São Caetano, preparou uma lista com sugestões de seis livros sobre os povos indígenas para os pais e cuidadores lerem com as crianças.

1. “Tem tupi na oca e em quase tudo o que se toca”

O livro, do autor e ilustrador Walther Moreira Santos, é uma obra infantil divertida e cheia de rimas. Você sabia que as palavras “tijuca”, “açaí”, e “amapá” são de origem Tupi-Guarani? Ele brinca com as palavras que fazem parte do nosso cotidiano, que são de origem indígena e que no fim acabam virando uma brincadeira de trava línguas. As ilustrações não deixam de lado a diversão, e a cultura é reafirmada num glossário nas últimas páginas.

2. “Um dia na aldeia”

A obra de Daniel Munduruku (texto) e Mauricio Negro (ilustrações) mostra um dia na vida de um menino índio do povo Munduruku: o que ele faz durante o dia, como brinca com os amigos, como caça, pesca e ainda como se relaciona com os outros membros da aldeia. Traz um glossário e mostra algumas curiosidades e saberes tradicionais do povo Munduruku.

3. “As serpentes que roubaram a noite e outros mitos”

Este livro traz os mitos que nos remetem a um tempo muito distante de nossos dias e que são contados e recontados pelo mais velhos às crianças indígenas, como forma de despertar nelas o amor pela própria história e pelas lutas de seu povo. Eles tocam fundo no coração e são uma excelente oportunidade de integração com o universo infantojuvenil indígena e seus valores. O livro conta com o texto de Daniel Munduruku e as Ilustrações foram realizadas pelas crianças da aldeia Katõ.

4. “Aldeias, palavras e mundos Indígenas”

Yano, Ëjcre, Üne, Oo — por incrível que pareça, essas quatro palavras significam a mesma coisa. Representam, na língua de quatro povos indígenas diferentes, o vocábulo casa. Por meio delas e de muitas outras palavras, neste livro o leitor é convidado a conhecer um pouco da vida e dos costumes dos povos Yanomami, Krahô, Kuikuro e Guarani Mbya: onde moram, como se enfeitam, suas festas, sua língua.

Com o texto de Valéria Macedo e as ilustrações de Mariana Massarani, este é um livro cheio de curiosidades que oferece ao leitor um passeio pelos costumes desses quatro povos indígenas.

5. “A terra sem males – mito Guarani”

O mito da terra sem males nos fala de um profundo anseio humano por um mundo melhor, mais pleno e feliz para todos. Essa ideia está presente em diversas culturas e é registrada em muitos mitos diferentes que, no fundo, apontam para esse mesmo anseio humano. Esses mitos alimentam nossa esperança de que um outro mundo é possível. O livro de Jakson de Alencar (texto) e Angelo Abu (ilustrações) é composto também por uma seção informativa que nos fala um pouco do sentido do mito e de elementos culturais dos povos índígenas no Brasil.

6. “Fala de bicho, fala de gente: cantigas de ninar do povo juruna”

Escrito pela linguista e musicista Cristina Martins Fargetti, com participação da compositora, cantora e pesquisadora da cultura indígena brasileira Marlui Miranda, o livro é fruto de uma pesquisa inédita sobre o povo tupi da família juruna. Sobreviventes de um processo de genocídio que, na década de 1960, reduziu sua população a cerca de 50 pessoas, hoje são cerca de 500 indivíduos no Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso.

Além dos estudos sobre a língua e a cultura desse povo, o livro traz as partituras e um CD gravado com as vozes das mulheres da aldeia. É uma publicação das Edições Sesc, que realiza um mergulho profundo na história da etnia por meio de 49 cantigas entoadas por elas enquanto embalavam o sono dos filhos e netos.

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As Edições Sesc têm realizado diversas publicações que retratam essas memórias e saberes tradicionais, destacando o protagonismo dos povos indígenas na narração de suas histórias de beleza, coragem, luta e resistência. Além desta última dica que selecionamos para o público infantojuvenil, também há publicações para outras idades sobre o tema que podem ser encontradas na Loja Sesc

Boa leitura! 

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Esta ação é parte do Abril indígena, que este ano acontece nas redes digitais das unidades do Sesc São Paulo. São bate-papos, apresentações, oficinas, debates e filmes documentários que tratam da importância dos povos indígenas para a existência e conservação da biodiversidade no Brasil.

Durante este mês são intensificadas as atividades que trazem como tema as lutas, os modos de viver, e os ensinamentos dos povos indígenas. Mas isso não significa que esses assuntos são abordados pelas unidades apenas neste mês. O trabalho junto aos indígenas acontece durante o ano inteiro, valorizando e difundindo a diversidade cultural desses povos no Brasil.

Para saber um pouco mais acesse: sescsp.org.br/abrilindigena

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