A arte urbana no centro da capital é tema da série Grafite Meu Vizinho

27/12/2020

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“Operários de Brumadinho”, pintado pelo artivista Mundano no centro da capital (Foto: Reprodução)

No início de 2020, frequentadores e funcionários do Sesc Parque Dom Pedro II, assim como turistas e trabalhadores que circulam pelas proximidades do Mercado Municipal, o Mercadão, testemunharam a pintura de um enorme painel em diferentes tons de marrom.  
 
Fruto do trabalho do artivista Mundano e inspirado na obra “Operários”, pintada por Tarsila do Amaral em 1933, o mural foi criado utilizando, como tinta, parte da lama tóxica residual de uma das maiores tragédias recentes do nosso país: o rompimento da barragem de Brumadinho (MG). 

E foi com “Operários de Brumadinho”, que o Sesc Parque Dom Pedro II deu início ao Grafite Meu Vizinho, uma série sobre grafiteiras e grafiteiros que realizam sua arte no centro de São Paulo e a relação que estas obras assumem com o território. 


Além do webdoc, em que Mundano revela muito sobre seu processo de criação e sobre a utilização da lama proveniente do desastre, o artista participou também de um bate-papo ao vivo pelo Instagram da unidade, com Rachel Amoroso, programadora de Artes Visuais do Sesc Carmo falando sobre o desafio deste seu trabalho. 

Os grafites de Tarsila 

As obras de Tarsila também passearam pelas redes do Sesc Parque Dom Pedro II nos dois webdocs seguintes.  

Protagonizados pelas grafiteiras Mag Magrela e Crica Monteiro, os episódios dois e três da série Grafite Meu Vizinho visitaram obras do projeto #TarsilaInspira, que celebra a genialidade deste ícone modernista nas ruas de São Paulo, por meio do trabalho de seis artistas contemporâneas de diferentes linguagens, que criaram obras gigantes em prédios do Centro Histórico. 

Eu resisto 

As cores em tons pastéis, os pés enormes, a coragem… Ao olhar para o mural “Eu Resisto”, pintado por Mag Magrela em um prédio localizado no número 52 da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, difícil é ignorar o impacto e a influência das obras de Tarsila do Amaral no trabalho da grafiteira paulistana.  

Tanto no webdoc quanto na live, realizada com a mediação de Natália Martins, animadora cultural do Sesc Santana, Magrela falou sobre a empena – a primeira pintada em sua cidade natal – mas também sobre a sua trajetória, num trabalho que reforça a pluralidade da figura feminina como resistência à opressão social que o espaço urbano exerce. 

Preta Rainha  

“A arte tem o poder de transformar o mundo em que a gente vive”. 

As palavras de Crica Monteiro, em seu webdoc, traduzem o sentimento que se tem ao olhar para o mural “Preta Rainha”, pintado por ela na Rua Direita. 

Crica, que partiu da obra “A Negra”, pintada por Tarsila em 1923, transformando a escrava em uma “Preta Rainha”, falou sobre o desafio de pintar o prédio (assim como ocorreu com Mag, esta foi a primeira empena que Crica grafitou na cidade em que nasceu), sobre o orgulho de participar de um projeto assim, ao lado de cinco mulheres artistas como ela, e de poder dividir os dias (e as tintas), com a amiga Fany e com seu pai, João Gregório.  

Na live, em que trocou uma ideia com Vanessa Rosado, programadora de Artes Visuais do Sesc 24 de Maio, Crica falou também sobre racismo, sobre valorização feminina – sobretudo das mulheres pretas, sobre diversidade e sobre representatividade nas artes e na sociedade. 

Que venha a próxima temporada e os novos grafites em nossa vizinhança! 

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