A cobra do crucifixo

29/09/2022

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Minha mãe contava a história de uma cobra: a cobra do crucifixo! Essa cobra tinha algo diferente. Além dela se parecer muito com aquela cobra naja, uma cobra-capelo com sua postura assustadora, tinha também um crucifixo na cabeça e ficava andando por toda a mata, imponente.

Ela era uma defensora da natureza! Toda vez que ela via alguém destruindo a mata, ela dava uma carrera na pessoa. Dizem que ninguém nunca conseguiu se defender dessa cobra. Independente de onde a pessoa estivesse, a pessoa poderia poder correr para casa, comércio ou trabalho, mas assim que fechasse a porta, a cobra batia a cabeça com força na porta para fazer barulho. Mostrando que estava atenta e sabia o que pessoa tinha feito! Quando a pessoa saísse do local onde estava, e visse que a porta estava marcada com um crucifixo, já sabia que dali em diante a cobra iria persegui-la.

Logo, a pessoa tinha que andar atenta ou mudar de cidade, pois a cobra do crucifixo não iria desistir de caçá-la, por muito tempo. Apesar da cobra não ser venenosa a ponto de matar, seu veneno era perigoso podendo afetar membros e provocar ferimentos graves. E acreditem, algumas pessoas ela conseguiu encontrar. Há relatos de que algumas pessoas foram mordidas e asfixiadas.

Dizem que a cobra do crucifixo até hoje anda por aí protegendo as matas! Onde será que ela está?

Conto “A Cobra do Crucifixo” por Mih Chilena | Mih Chilena é moradora de Registro/SP, oficineira, palestrante e escritora.

Ilustrações por Sávio Soares.

*Esse conteúdo editorial faz parte da série online “Histórias Míticas do Vale do Ribeira” que integra a programação especial em comemoração aos 100 anos do prédio histórico do Sesc Registro, nominado “KKKK”, como ficou conhecido o conjunto arquitetônico instalado em 1922 pela Companhia Ultramarina de Desenvolvimento (de cujo nome em japonês -Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha- deriva a sigla dos quatro Ks). No canal do YouTube do Sesc, o público também pode acompanhar o processo de criação das ilustrações pelo artista Sávio Soares. Além de lendas e causos populares que povoam o universo da cultura tradicional regional, as publicações trazem também crônicas sobre locais, acontecimentos, paisagens e personagens históricos do Vale do Ribeira.

Acesse a playlist da série no YouTube.

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