O Ministério do Turismo e o Sesc – Serviço Social do Comércio, com o apoio cultural do Instituto Levy & Salomão, apresentam A Magia do Manuscrito, no Sesc Avenida Paulista. A exposição traz ao público brasileiro, pela primeira vez, aproximadamente 180 documentos manuscritos originais de figuras de destaque da arte, da política, da ciência, da história. A mostra irá de 28 de setembro a 15 de janeiro de 2023.
A coleção do editor Pedro Corrêa do Lago, exibida pela primeira vez em Nova York em 2018, é considerada a mais importante do mundo em mãos particulares.
São cartas, desenhos, fotografias assinadas, partituras, bilhetes de personalidades como Albert Einstein, Amadeus Mozart, Angela Davis, Beethoven, Frida Khalo, Isaac Newton, James Joyce, Jorge Luís Borges, Malcolm X, Marcel Proust, Martin Luther King Jr., Michelangelo, Nelson Mandela, Sigmund Freud, Simone de Beauvoir e Vincent Van Gogh; dentre os brasileiros estão Ayrton Senna, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Fernanda Montenegro, Machado de Assis, os imperadores Pedro I e Pedro II, Tiradentes, Santos Dumont, Tom Jobim, entre outros grandes nomes.
Em tempos de predominância da comunicação digital, ver de perto originais manuscritos de personagens da História, da Ciência e da Arte é uma espécie de viagem no tempo. Pela singularidade da caligrafia, tem-se a proximidade com personagens de quem apenas se ouviu falar, ou apenas estudou na escola. Rabiscos de Napoleão, um artigo manuscrito de Simone de Beauvoir, a partitura de Chega de Saudade, de Tom Jobim, uma lista feita por Tiradentes, a versão do conto A Biblioteca de Babel na letra de seu autor, Jorge Luís Borges…, eternizados no papel, os momentos históricos ou íntimos, profissionais ou pessoais, cotidianos ou inspirados se sucedem. São documentos únicos. E – importante lembrar – são história viva, ao alcance dos olhos.
A mostra A Magia do Manuscrito – utiliza recursos por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, tem apoio do Instituto Levy & Salomão e realização do Sesc SP e da Secretaria Especial de Cultura, Ministério do Turismo – chega ao Brasil depois de uma estreia em Nova York e será aberta no Sesc Avenida Paulista, em São Paulo, no dia 28 de setembro, a partir das 10h. A coleção, considerada a maior do mundo em mãos particulares, é de Pedro Corrêa do Lago, editor, bibliófilo e especialista em manuscritos.
Essa é segunda vez que documentos da coleção Corrêa do Lago são exibidos ao público. A exposição “Magic of Handwriting: The Pedro Corrêa do Lago Collection” foi exposta pela primeira vez na Morgan Library & Museum, em Nova York que, entre junho e setembro de 2018, exibiu 140 manuscritos, atraindo 85 mil visitantes. O catálogo da mostra foi editado pela editora alemã Taschen e lançado em sete idiomas.
Na exibição brasileira, quase duas centenas de personagens estarão representados, em sete núcleos, por suas cartas, bilhetes, desenhos, partituras, fotos autografadas, documentos assinados. O mais antigo dos manuscritos é um pergaminho com assinaturas de quatros Papas, firmado em 1153; os mais recentes, de Fernanda Montenegro, Daniel Radcliffe e Caetano Veloso.
Muitas peças surpreendem pelo caráter inusitado: é o caso de uma gigantesca assinatura de Beethoven num recibo de mecenato ou da contagem de versos de João Cabral de Melo Neto. Outros, pela raridade do registro de personagens excepcionais e universais: os primeiros parágrafos de No Caminho de Swann, de Proust, com correções do autor; um bilhete de Michelangelo encomendando mármore; uma carta profética de Gandhi, a árvore genealógica de Isaac Newton ou Einstein criticando a psicanálise.
Em outros documentos, aparecem hábitos e práticas culturais, sociais e políticos, como o Marechal Rondon manifestando em carta seu desagrado com o envolvimento de militares no governo; Malcolm X assina uma página da entrevista à Playboy, onde diz que os Estados Unidos pregam a liberdade e praticam a segregação; há cartas de Juscelino Kubitschek para Tancredo Neves e de Tancredo para Juscelino com o mesmo pedido – recomendações de protegidos. D. Pedro I manda bilhete e poema para a amante Domitila, assinando-se “Demonão”.
Cada documento é apresentado em uma vitrine especialmente construído para que o visitante possa visualizar a peça, com textos explicativos sobre o personagem, as circunstâncias e o manuscrito em si.
A lista de peças de escritores, artistas plásticos, compositores, figuras da política, performers, cientistas, filósofos, rebeldes e outros que mudaram o mundo é extensa e diversa.
O escritor Pedro Corrêa do Lago reúne cartas e documentos manuscritos há 50 anos. Cada um deles representa para ele uma profunda e constante fascinação. Pedro, formado e pós-graduado em Economia, tornou-se colecionador, historiador de arte e editor – está à frente da Capivara Editora, fundada com sua esposa Bia em 2002. Foi presidente da Biblioteca Nacional de 2003 a 2005. A paixão pelos manuscritos nunca arrefeceu, desde a adolescência. Ao contrário: “amealhar peças manuscritas invadiu o desenrolar de toda a minha vida, influenciado as principais escolhas e proporcionando-me instrumentos decisivos para desenvolver muitas de minhas iniciativas”, escreve.
O conjunto de mais de 30 mil peças vai além da reunião de manuscritos e muito além de assinaturas. Guarda grandes histórias, desde os primeiros pedidos por carta a celebridades, longas esperas por uma peça-chave e até achados espetaculares em golpes de sorte. São, às vezes, flagrantes de traços de humanidade em figuras grandiosas ou famosas – Beethoven bêbado, Noel Rosa pedindo empréstimo. Outras vezes, marcam momentos grandiosos e transformadores, são peças únicas como o original do conto A Biblioteca de Babel na letra de Borges. Podem ainda ser previsões impressionantes – Gauguin temendo por um surto de Van Gogh semanas antes da crise em que decepou a orelha, ou Gandhi avisando que a violência pode atingi-lo, pouco antes de ser assassinado.
O escritor considera-se em honrosa proximidade com o austríaco Stefan Zweig – que igualmente colecionava manuscritos e muito escreveu sobre a atividade, e de quem toma o título de mostra e do livro, extraído de uma carta do austríaco para o amigo Rainer Maria Rilke. Da mesma forma, John Pierpoint Morgan (1837-1913), fundador da Morgan Library em Nova York, foi um importante colecionador de manuscritos.
A Magia do Manuscrito
Coleção de Pedro Corrêa do Lago
Sesc Avenida Paulista – Avenida Paulista, 119 – Arte I (5° andar)
GRÁTIS – Livre
Visitação
28/9/2022 a 15/1/2023
Terça a sexta, das 10h às 21h30
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30
agendamento de visitas educativas e-mail: expo.avenidapaulista@sescsp.org.br
Acessibilidade: A exposição conta com recursos táteis, pranchas em braile, audioguia com audiodescrição, videolibras e maquete tátil do espaço expositivo.
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