Detalhe de “Em Louvor de Algo” (1984) | Foto: Everton Ballardin
Realizado no período de 2011 a 2013, na unidade do Sesc Pinheiros, o projeto “Acervo em foco” – cujos conteúdos passam a ficar disponíveis on-line em uma série de artigos no portal do Sesc São Paulo – apresentava, de forma aprofundada e particularizada, recortes da produção de artistas brasileiros cujas obras compõem o Acervo Sesc de Arte, a coleção permanente da instituição.
Entre os artistas contemplados pelo projeto, estão Carlos Matuck, Luiz Paulo Baravelli, Nelson Leirner e Valdir Sarubbi. Neste artigo, destaca-se um recorte da obra de Luiz Paulo Baravelli.
Nascido em São Paulo, em 1942, Baravelli é desenhista, escultor, gravador, professor e cronista. Estudou desenho e pintura na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), onde foi aluno de Wesley Duke Lee, artista que teve grande influência em seu trabalho.
Formou-se em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP) e foi um dos quatro fundadores do Centro de Experimentação Artística Escola Brasil, junto com Carlos Alberto Fajardo, José Resende e Frederico Nasser. Também foi co-editor da revista Malasartes e atualmente escreve com regularidade para diversos jornais e revistas.
“Em Louvor de Algo” (1984) | Acrílica sobre madeira recortada, 220 x 160 cm | Foto: Everton Ballardin
A pintura Em Louvor de Algo, faz parte da série Caras, produzida nos anos 1980. Todas têm em comum a utilização da base recortada que aproxima a pintura do objeto, como um relevo, uma máscara, impressão acentuada também pelos “recortes” que desconstroem a imagem. Temos aqui uma grande cara que não possui um corpo, é autônoma e existe dentro de uma lógica toda própria.
Sua grande dimensão ajuda a criar uma sensação de distância e estranhamento, referendando o papel da obra de arte como elemento de representação e enfatizando o caráter ilusório da imagem.
Série “Lalis” (1989) | Encáustica sobre Eucatex, 69 x 49 cm (cada) | Foto: Everton Ballardin
Quando pensamos em pintura é comum que nos venha à cabeça a ideia de uma prática ligada à livre expressão do artista e a conceitos como originalidade e singularidade, um caráter único do trabalho de arte frente aos objetos do mundo – mas devemos realmente evocar a singularidade ou a unicidade quando uma mesma imagem é repetida à exaustão?
Analisando a série Lalis, poderíamos argumentar que existe uma negociação, entre o caráter expressivo da pintura e a seriação, a repetição do mesmo tema, em suas inúmeras tentativas de resolução de um tema. Dessa forma, ao mesmo tempo que nos remete ao status da pintura, este trabalho também nos informa de características da pop art, tão presente na produção de Baravelli, ou simplesmente nos remete à constante banalização da imagem pela cultura da mídia.
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O Acervo Sesc de Arte, com obras visitáveis em todas as unidades do Sesc São Paulo, se constitui como um conjunto cuja complexidade e riqueza nos oferecem a oportunidade de contato direto com um panorama da produção popular, moderna e contemporânea no Brasil.
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