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Trabalho inédito composto por painel nos vidros da unidade e videoinstalação propõem reflexão sobre o período de clausura e introspecção trazido pela pandemia.
“A arte é uma potente forma de expressão, cuja capacidade atinge os seres humanos e o espaço em que habitam. A arte se reinventa e se multiplica constantemente, potencializando sentidos quando associada a propósitos e ações carregadas de significados. Seria impossível não falar de clausura em tempos de pandemia, já que o único cotidiano possível – de reclusão e atrás das telas dos computadores em rede – talvez tenha nos convertido em sombras da vida real”, assim a artista visual e pesquisadora Sonia Guggisberg conceitua o mote do seu trabalho apresentado pela primeira vez no Sesc Jundiaí.
A instalação site specific PASSAGEIRXS apresenta um enorme mosaico de imagens e transforma o espaço do Sesc Jundiaí em um grande aquário de sombras. Entre sombras e águas, a instalação mostra o cotidiano de pessoas reclusas realizando tarefas diárias como se fossem passageiros de suas próprias vidas. A água, que por vezes é associada ao local de relaxamento, surge como um elemento hostil à vida, estabelecendo assim um paradoxo.
A artista concebeu as fachadas de vidro como se fossem filmes decompostos, guiada por seu interesse em analisar os elementos que compõem os filmes e as camadas de imagens em movimento e de luz, de transparências e sombras.
“Refugiados de nossas próprias vidas, como as sombras – que não têm identidade e estão esvaziadas de sua história e sua cultura – ficamos todos fechados, à espera de um futuro mais que incerto, porém os recortes e transparências das imagens no painel permitem olharmos para a natureza do Jardim Botânico em frente à obra e encararmos as sombras humanas como metáfora de vida”, propõe a artista.
Saiba mais sobre a instalação aqui.
RE_EDUCAÇÃO é uma videoinstalação que conta com dupla projeção em loop emitindo reflexões, imagens e palavras que pulsam junto com uma construção sonora e um backlight de imagens. A obra, que pode ser conferida dentro do espaço expositivo, enfatiza a necessidade de se pensar novas estratégias de vida, de abandonar o modo aprendido e de se reeducar, de construir um novo olhar sobre o cotidiano e de desenvolver novas formas de entendimento.
“São tempos difíceis, porém propícios para a reflexão“, avalia a pesquisadora que, durante os últimos seis anos, esteve em diferentes campos de refúgio na Grécia e, mais recentemente, num período que abarca os tempos de pandemia.
A proposta é fazer uma analogia aos campos de refúgio, locais de contenção humana que podem se tornar campos de reeducação, uma vez que obrigam as pessoas, ali fechadas, a se adaptarem a uma nova forma de viver, de ser e de pensar. Como nos campos de contenção, os tempos de pandemia impuseram um cenário de clausura e introspecção marcado por uma longa espera ainda sem resposta sobre o futuro, cenário diante do qual é preciso reaprender estilos de vida, repensar relações e renunciar à ideia de controle.
Uma certa vertigem é impressa em RE_educação quando imagens, palavras e reflexões são sobrepostas a trens em alta velocidade, ruídos humanos e, ao fundo, um som de ambulância. Trata-se de viver a emergência dentro de casa, a reflexão sobre a incerteza instalada, a clausura com tempo indefinido que pulsa sob o som das sirenes.
Saiba mais sobre a videoinstalação aqui.
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Sobre a artista
Sonia Guggisberg é Pós-doutora em Artes Visuais pela ECA-USP e Doutora em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atua como artista, diretora, videomaker e pesquisadora participando de mostras coletivas e individuais, mostras de cinema, palestras e workshops no Brasil e em outros países, desde a década de 90.
Com foco em questões sobre documentário artístico, seus trabalhos transitam por múltiplas linguagens como fotografia, site specific, instalação em vídeo e som. Já realizou mais de 20 exposições individuais, tendo seus trabalhos exibidos no Brasil, nos EUA (Nova York), no México, na Colômbia, no Chile, na Espanha, na França, na Dinamarca, no Canadá, em Portugal e em diversas cidades da Alemanha. Possui obras no acervo do Museu Lasar Segall, do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Universidade de São Paulo, Sesc, da Pinacoteca, do Museu da Cidade de São Paulo e do Instituto Figueiredo Ferraz, entre outros.
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