Durante todo o mês de setembro, os Espaços de Tecnologias e Artes das unidades do Sesc, na capital e no interior, oferecem cursos e programações voltadas para o engajamento das mulheres com as mais diversas tecnologias, na primeira ação em rede dos ETAs
Historicamente, as mulheres participam ativamente da evolução das tecnologias digitais. A primeira pessoa a entender – e publicar – que um computador poderia ser mais do que uma poderosa calculadora foi Ada Lovelace. Em meados do século 19, o cientista inglês Charles Babbage desenvolveu o que ele chamaria de “máquina analítica”. Ada, sua parceira de trabalho, adicionou notas ao livro em que Babbage descreve essa máquina, explicando que, para além de fazer contas, ela poderia processar números, palavras, notas musicais, cores etc. Nesses escritos, Ada registra uma sequência de operações que viria a ser considerada o primeiro algoritmo da história.
A exemplo da britânica Ada Lovelace, outras mulheres pioneiras desempenharam papel-chave no desenvolvimento tecnológico, como nos casos das norte-americanas Frances Spence, Jean Bartik, Ruth Teitelbaum, Kathleen Antonelli, Betty Holberton e Marlyn Meltzer – programadoras originais do ENIAC, primeiro computador digital eletrônico de grande escala – e de Grace Hopper, criadora de uma linguagem específica de programação. Essas mulheres sempre estiveram por aí, criando, desenvolvendo e programando, ainda que, no mais das vezes, suas contribuições tenham sido ofuscadas ou simplesmente apagadas da história.
Esse apagamento não é exclusividade do campo das tecnologias digitais. Ao longo da história, grandes cientistas, artistas, escritoras, pensadoras e ativistas encontraram dificuldade para obter reconhecimento por seu trabalho. No Brasil, podemos citar Abigail de Andrade, Bertha Lutz, Carolina Maria de Jesus, Julieta de França e Leolinda Daltro. Outras que enfrentaram obstáculos nesse sentido foram a franco-polonesa Marie Curie, as inglesas Anna Atkins e Mary Anning e as norte-americanas Amelia Earhart, Enedina Alves Marques, Madame C. J. Walker, Valerie Thomas, Mae Carol Jemison e Zora Neale, sem falar daquelas cujos nomes sequer chegaram até nós. Mulheres escondidas pela historiografia oficial foram protagonistas de diversos momentos decisivos para o mundo, mas a história tal como a conhecemos foi escrita predominantemente por homens, portanto, sob a ótica masculina.
Refletindo as preocupações do Sesc com a equidade de gênero, a ação em rede As mulheres e as tecnologias reúne ampla programação feita por e, prioritariamente, para mulheres – cis, trans, meninas, senhoras, mães, negras, brancas, indígenas, migrantes, refugiadas. A iniciativa pretende funcionar como convite para que cada vez mais mulheres ocupem os Espaços de Tecnologias e Artes do Sesc São Paulo e suas respectivas programações, a fim de experimentar, errar, refletir, aprender, ensinar, compartilhar e, no limite, inventar. Porque lugar de mulher é onde ela quiser.
Você conhece o ETA?
O Sesc São Paulo conta com 43 unidades no estado que desenvolvem programações em diversos formatos e linguagens, entre eles, os cursos e oficinas de artes visuais e tecnologias. Nessa ampla rede de ação socioeducativa, 35 unidades dispõem do Espaço de Tecnologias e Artes, o ETA. Tratam-se de salas-laboratório dedicadas a práticas de viés educativo que utilizam suportes tecnológicos e/ou digitais. Orientando as ações do ETA, o Programa de Tecnologias e Artes propõe a intersecção de materiais, processos e inspirações provindos de diversos contextos – o que inclui os fazeres realizados, por exemplo, na garagem do avô, no ateliê do artista, nos hack, fab e media labs, e também nos maker e tinker spaces. Com isso, busca-se explorar as mais variadas possibilidades das mídias digitais, com destaque para: fabricação digital, software livre, hackerismo, cultura digital, audiovisual (som, vídeo e luz), fotografia, design, inclusão e letramento digital, editoração, animação, moda, marcenaria, games e inovações na cidade.
Para a realização de suas atividades, o ETA dispõe de equipes de educadores especializados, que propõem cursos, oficinas, vivências e instalações. Ao fazê-los, procuram valorizar a convivência, a diversidade, o protagonismo, a autonomia e a reflexão criativa e crítica. A fim de potencializar ainda mais suas ações, o ETA convida artistas, educadores e pesquisadores para desenvolver propostas e cursos específicos.
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