São Paulo, dezembro de 2021
Enquanto você lê esta carta, em algum lugar um prédio desaparece, paredes viram resíduos e abrem espaço para outras histórias. Enquanto você lê estas palavras, em algum outro lugar uma construção se inicia, retroescavadeiras rasgam a terra para plantar algo novo. Penso que a vida é um recomeçar constante. Nosso chão já foi várzea, já foi casa, já foi prédio, já foi tanto… já foi palco, já foi cinema, já foi circo, quadra de esportes, show, teatro, música, poesia, dança, já foi tudo… Ou quase tudo. Enquanto há o tempo, sempre é tempo de mudança.
Escrevo esta carta para contar que, igualmente ao destino de um rio, seguirei a correnteza da vida. Quero que saiba que estou de mudança, não de endereço, mudarei de paisagem. Sabia desde o início que este dia chegaria e estava ansioso para que começasse logo, pois assim reduz também o tempo do nosso próximo encontro. No entanto, para a mudança acontecer é preciso tempo.
Fecharemos temporariamente e passaremos por uma fase de transformação. Sentirei saudade. A saudade está nas coisas simples: as histórias que a gente conta são cheias de saudade, o sabor do sorvete que a gente gosta enfeita nossa boca de saudade, chegar antes com medo de se atrasar é sinal de saudade, guardar o ingresso de um evento é sintoma de saudade, o abraço do reencontro é feito de saudade. A saudade faz parte da despedida, mas também mantém vivo o que a gente ama. Quando as nossas portas se reabrirem, estarei feliz em te acolher e apresentar cada espaço da nossa nova casa. As construções, assim como as pessoas, também são feitas de memórias, cada tijolo é testemunha das nossas histórias.
Escrevo para contar que volto em breve. Esta não é uma despedida, é uma saudade em forma de carta, é um abraço transformado em palavras.
Até logo!
Sesc Parque Dom Pedro II
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