Crypto.Lab no Belenzinho!

02/10/2014

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A EOnline conversou com Inês Nin sobre o que é e quais as atividades do novo Lab do Belenzinho

Quanto estamos dispostos a ceder em favor da conveniência? Com essa frase, o professor Fabian Wagmister abriu sua fala no Encontro Internacional Cultura e Tecnologias Digitais, no dia 23/9. No discurso de Fabian, críticas e reflexões sobre como nos apossamos das tecnologias sem perguntar o que pedem em troca e o que farão com as informações que fornecemos. A reflexão é sempre bem vinda.

Espaços para reflexão, no Sesc Belenzinho, não falta! Na Internet Livre, por exemplo temos diversos laboratórios, que são espaços para discussão e aprendizado em torno de determinadas práticas. Há o Design.Lab, o SocialMedia.Lab, o Game.Lab e o Video.Lab – agora, tem também o Crypto.Lab.

E aí, quem está com a bola é a Inês Nin, que nos deu essa entrevista sobre o projeto e as atividades que serão desenvolvidas nele – além de nos lembrar que “o termo ‘cripto’ ou ‘crypto’ se refere diretamente a algo que é oculto, secreto, e criptografia seria algo como escrita secreta. Na prática, muito disso é matemática, e lida com terrenos nada simples de compreender. Mas, como adotamos o termo em um sentido expandido, a ideia é lidar com linguagens, e com o ‘escondido’ nelas, algo como ferramentas para pensar e decodificar os mundos que nos rodeiam. E criar mundos também. Sem esquecer da criptonita” – é claro que ninguém esquece da criptonita, Inês.

Então, se liga na conversa e programe-se pra fazer parte das discussões – fim de contas, você utiliza tecnologia a rodo e sem se questionar, que a gente sabe.

Eonline: A definição do Crypto.Lab é um tanto abrangente, “Experimentações em códigos e linguagens”, mas é possível perceber que códigos e linguagens são eixos que sustentam o projeto. Você poderia ampliar um pouco o entendimento sobre esses eixos no Crypto.Lab? Existe a intenção de tratar uma dimensão política dos códigos e linguagens? Se sim, quais os dispositivos (debate, exposição, oficina) usados nas atividades para este fim?
Inês Nin: Bom, a definição utilizada na pergunta ainda não é a completa. Mais correto seria “práticas de resistência, pensamento e ação por meio de investigações técnicas e poéticas. Experimentações em códigos e linguagens”.
O Crypto.Lab é criado com a intenção de abrir um campo onde possam caber reflexões políticas e críticas em torno dos usos das mídias, mas não só, que funcione também como um espaço de experimentos em torno dos códigos e linguagens que se fazem presentes nos dispositivos que utilizamos. De certa forma isso acontece quando se aprende a programar um game ou algo assim, mas aqui a intenção é fortalecer essa relação com as narrativas políticas que aparecem no uso dos códigos, que podem ser desde imagens (como a construção de uma identidade política de ampla difusão midiática) a e-mails criptografados.
Os meios por onde esse enfoque será dado vai depender de cada proposta.

EOnline: A primeira atividade é “Vigilantes/Contravigilantes: Internet”. Além de ser uma atividade que convida ao debate sobre o que é a internet em termos de estrutura, há a possibilidade de rever uma discussão sobre os usos da internet, dissociando-a da exclusividade em torno do termo “rede”. Como o projeto pretender abarcar as imbricações e o entendimento que se tem sobre virtual/real, um em oposição ao outro?
I.N: No caso da oficina “Vigilantes/contravigilantes: internet”, que começou no dia 23/09, a intenção é trazer à tona a questão da privacidade na rede. Esse assunto, que ainda é subestimado por muitos, e discutido mundo afora, carrega consigo um pano de fundo um tanto antigo, que diz respeito a práticas de vigilância e de controle da informação.
Contrapondo-se a esse controle, a proposta da oficina é não só discutir esses aspectos e aprender algumas formas de proteger seus dados, mas, principalmente, lidar com respostas criativas a esse cenário de aparência tão sufocante e com caminhos tão mapeados. As estratégias utilizadas pelas empresas e governos que espiam pessoas se baseiam na noção de identidade, e uma identidade rastreável. É justo aí que vamos explorar.

EOnline: A imagem que ilustra o projeto no portal do Sesc foi tirada de onde? Como ela conversa com as intenções do Crypto.Lab?
I.N: A imagem está em domínio público e figura em um livro do Julio Verne, acessada via Wikimedia. Ficção também faz parte dos códigos que nos rodeiam, e muito. 🙂

EOnline: A programação do Crypto.Lab se estende para além de setembro, correto? Você poderia adiantar quais atividades, discussões e os participantes das próximas atividades?
I.N: O Crypto.Lab já está com duas oficinas agendadas, a “Vigilantes/contravigilantes: internet” que mencionei e “Privacidade e Liberdade de Expressão na Internet“, de caráter mais técnico, centrada em métodos de se proteger de mecanismos de vigilância. Num futuro não muito distante, é provável que aconteça uma Vigilantes/contravigilantes: vídeo, uma sobre mídia como ficção, além de oficinas de capacitação em torno de linguagens de programação. O terreno é vasto, e o público também ajuda a construir esses caminhos.

E pra quem se interessou pelo tema e pela fala que abriu a matéria, confira a cobertura e o que os palestrantes disseram nos dois dias do Encontro Internacional Cultura e Tecnologias Digitais, aqui e aqui.

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