Foto: Arquivo pessoal de Elaine Vedroni.
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Por Elaine Alves Vedroni*
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“O que a memória ama, fica eterno.” Adélia Prado
Criei eternidades em mim, neste lugar… Eram os anos 1990 quando aqui cheguei, nesta morada que hoje faz morada em mim, nesta instituição e em particular, neste programa: Curumim. Muitas e intensas histórias foram e são aqui vividas. Histórias por vezes, muitas vezes, amadas! Divertidas, leves, com risos… Às vezes tensas, de apreensão e mesmo com choro. Sim, são histórias humanas! Como selecionar uma para narrar?! Cada história tem tantas particularidades, tanto encantamento, tanta aprendizagem… Não caberia aqui, neste espaço. Além disso, uma não seria o suficiente para traduzir tudo o que significa este programa.
Melhor, então, contar o que todas essas histórias movimentaram em mim. Ao chegar na instituição, como educadora, formada há pouco, vi que um mundo de possibilidades se abria… Era educação, mas de um jeito diferente daquilo que eu conhecia, na época era uma inovação. Muito diferente do mundo escolar, da educação formal. As oportunidades eram múltiplas: autonomia para criar, diversidade de ações, ferramentas, estímulos, riqueza de linguagens… Havia uma valorização imensa do ser criança, um olhar muito forte para a sua natureza brincante, para o lúdico, e, uma preocupação em respeitar e legitimar as especificidades desta fase tão importante da vida… Havia um movimento de reconhecer que o desenvolvimento saudável da criança e o conhecimento se dão, principalmente, por esse respeito à sua natureza.
O olhar sobre as infâncias, que poderia ou deveria se construir durante a formação acadêmica, se deu, sem dúvida, de forma significativa e determinante no exercício da minha vida profissional neste lugar. Houve um alargamento da minha visão que reverberou profundamente no meu desenvolvimento pessoal e creio que no profissional também.
Hoje, contando 28 anos inserida nesta ação cujos principais pressupostos são trabalhar para garantir uma infância digna, plena, feliz e acompanhar o desabrochar de um ser humano contribuindo para a sua humanização e civilidade, espero ter feito a diferença na vida de algumas crianças e famílias. Se isso ocorreu, pelo menos, o equivalente a uma pequena parte do que tudo significou e foi transformador em mim, estarei preenchida na alma.
A dois anos de encerrar esta história, este ciclo, posso dizer que existiram discordâncias e conflitos – isso é humanidade – e, ainda assim, tudo, tudo valeu a pena. O propósito do programa é nobre, necessário a uma sociedade saudável que honre suas crianças, nesta ação educativa as possibilidades são imensas, e poder fazer parte desta história é um privilégio.
Gratidão!!!
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* Elaine Alves Vedroni é educadora infantojuvenil no Curumim do Sesc Rio Preto.
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