Artigo: Ana Bianca Flores Ciarlini | Fábio Tatsubô
O cenário mundial sobre o envelhecimento foi constatado na 2ª Assembleia Mundial da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada no ano de 2002, em Madri. Este evento foi considerado um marco político em resposta à revolução da longevidade, apresentou o conceito do envelhecimento ativo e elaborou um Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento.
No Brasil, a população idosa representa uma parcela de aproximadamente 18% dos habitantes, ultrapassando os 37 milhões. Porém, Santos possuiu um diferencial: os idosos representam aproximadamente 25% da população, superam o número de 100 mil, e os 60+ (idosos) ultrapassaram os adolescentes e crianças desde 2007, o que deverá ser a realidade do país somente em 2030.
A Política Pública para a Longevidade é fundamentada nas referências dispostas na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Constituição da República do Brasil, na Política do Idoso, no Estatuto do Idoso, na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas, Lei 8.742/19) e no conceito do envelhecimento ativo, idealizado e desenvolvido pelo dr. Alexandre Kalache à época em que dirigia a Unidade de Envelhecimento e Curso de Vida da Organização Mundial de Saúde (OMS).
A cidade de Santos possui uma política de atenção integral à pessoa idosa com várias ações e programas instalados em suas secretarias, coordenadas pela Secretaria de Governo (Segov), através da Coordenadora Municipal de Políticas para a Longevidade.
Santos é considerada a melhor cidade para o idoso viver por uma série de fatores: geografia, estrutura de saúde, projetos específicos para os idosos com atendimento domiciliar, com ambulatórios especializados, Vila Criativa Sênior com cursos e oficinas. A cidade oferece cursos de formação de cuidadores de idosos, além de ter criado o Conselho Municipal do Idoso e o Fundo Municipal do Idoso.
Qual é o objetivo da Rede Educativa para a Longevidade?
Tem o objetivo de preparar a sociedade através da educação para a implantação de uma política pública para a longevidade, levando os conceitos revolução da longevidade e envelhecimento ativo para a rede pública de ensino, evidenciando o bem-estar biopsicossocial não só do idoso, mas de todas as faixas etárias, de forma intergeracional, focando na longevidade com qualidade de vida. Prioriza o protagonismo do idoso ativo e o cuidado e a proteção do idoso vulnerável para impactar a base familiar e a sociedade.
Em 2019, apresentamos um projeto-piloto com a temática da longevidade para a Secretaria de Educação do município de Santos, que foi aplicado em uma escola da rede municipal. Devido à grande repercussão positiva, trabalhamos na ampliação do projeto e na criação de um roteiro para levá-lo para todas as escolas, e assim surgiu o programa Rede Educativa para a Longevidade.
Em 3 de dezembro de 2021, no Paço Municipal de Santos, foram lançados o programa Rede Educativa para a Longevidade e o material didático em formato de gibi Turma da Longevidade, assim como a mudança da nomenclatura de Coordenadoria do Idoso para Coordenadoria de Políticas para a Longevidade, pois, a partir deste momento, a gestão pública de Santos renova o seu olhar sobre o envelhecer, entendendo que a política deverá ser ampliada e focada em todo o percurso de vida.
Como será a implantação da rede?
A Rede Educativa para a Longevidade, em 2022, será implantada em 30 escolas da rede municipal de ensino de Santos com a participação de 42 grêmios estudantis, atingindo um total de aproximadamente 12 mil alunos. Os professores das escolas municipais envolvidos no programa participarão de atividades e receberão materiais didáticos com a temática longevidade, tais como: palestras interativas, vídeos informativos e os gibis Turma da Longevidade.
As escolas devolverão o conhecimento assimilado sobre a longevidade por meio de manifestações artísticas realizadas pelos alunos e família, que serão expostas ao público em uma plataforma digital para que sejam escolhidos os trabalhos mais acessados.
Como surgiu a ideia do Gibi Turma da Longevidade?
A materialização do gibi Turma da Longevidade surgiu quando tivemos a ideia de que fosse narrada a história de cinco amigos em todo seu percurso de vida. Inspirados em características de personagens santistas, eles têm por volta de 70 anos, são seniores ativos, protagonistas da sociedade e da família e fazem parte da geração baby boomers, que são os nascidos até 20 anos após a Segunda Guerra Mundial. Os nomes de alguns deles referenciam personalidades históricas santistas como Pagu (Patricia Galvão) e Bonifácio (José Bonifácio), a fim de enaltecer a cultura da cidade de Santos.
Levamos a ideia para Suzete Faustina dos Santos, que foi a articuladora do processo até chegarmos ao Fábio Tatsubô. Criamos juntos o roteiro, ele cuidou da produção e assim nasceu o gibi Turma da Longevidade.
As reflexões durante a pesquisa foram uma imersão de como o perfil dos idosos mudou nas últimas décadas, questionamos: como queremos envelhecer? Como essa geração de jovens vai lidar com seus pais quando eles não tiverem a mesma capacidade física e mental? Como o mundo vai estar preparado para esta grande população de idosos?
E para contar a história destes novos idosos, numa cidade como Santos, onde nascemos, crescemos e trabalhamos, buscamos retratar pessoas que existem: a senhora japonesa que participa da Escola de Surfe, um amigo do movimento do rock, uma idosa que participou e lutou dentro dos conselhos para a melhoria dos serviços públicos, o proprietário da lanchonete onde almoçamos todos os dias e o pai de um amigo que tem a saúde comprometida e a família cuida com amor e dedicação. Para o jovem, nos inspiramos no filho do Fábio, que tanto ajuda a cuidar dos avós octogenários.
Com todos estes ingredientes nas mãos – cenários e personagens que existem – roteirizamos a partir dos princípios da amizade, fraternidade, companheirismo e empatia. Cinco amigos de infância se encontram mensalmente para visitar o amigo acamado, levam novidades, relembram boas memórias e interagem com o neto, mostrando os desafios desta geração e os cuidados que precisam ter para o futuro que se aproxima, afinal, o mais importante não é ter mais anos de vida, mas dar mais vida aos anos.
Clique aqui para ver o almanaque completo.
—
Utilizamos cookies essenciais, de acordo com a nossa Política de Privacidade, para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.