Sabia que existem várias comunidades de agricultores na maior metrópole do país?
Na cidade de São Paulo, uma das iniciativas locais de produção de alimentos é a Cooperapas – Cooperativa Agroecológica dos Produtores Rurais e de Água Limpa da Região Sul. Localizada em Parelheiros, no extremo sul da capital, a cooperativa viu a demanda por seus produtos orgânicos aumentar durante a pandemia. “Foi complicado no início, pois perdemos clientes que tiveram que interromper as atividades, mas acabamos encontrando outro jeito de fornecer, como as cestas do projeto Orgânicas para Todes”, explica Valéria Macoratti, vice-presidente da Cooperapas e agricultora urbana há 13 anos, quando se mudou da Zona Leste para a Sul e conheceu o cultivo de orgânicos.
O produtor Kelvin Andrei da Silva Dias também viu seu trabalho mudar nos últimos meses. Ele e sua família, que produzem alimentos orgânicos desde 2004 na região de Caucaia do Alto, na Grande São Paulo, atendem em feiras de orgânicos na capital e cidades vizinhas e sempre trabalharam com entregas de cestas. “Eram 30 a 50 cestas por semana e chegamos a fazer a 190 entregas na pandemia. Muitos novos consumidores às vezes não entendem que os orgânicos têm sazonalidade, que há mais imprevistos com colheita e que a aparência não é sempre perfeita. Acabam criticando mais por não estarem acostumados com o modo como a natureza funciona”.
A ampliação da produção e do consumo de orgânicos esbarram em diversos pontos, como o acesso da população a fornecedores e pontos de venda e os custos, que tanto para a produção como para o consumidor final são normalmente acima dos da agricultura convencional.
“Era uma das maiores questões para mim não ter uma feira de orgânicos próxima da minha casa. Mas ficou mais fácil agora, que há entregas e também um pequeno agricultor que vem vender seus produtos aqui perto”, explica Regina de Carvalho Pereira, 38 anos, bibliotecária e que passou a consumir produtos sem ou com menos agrotóxicos motivada pelo nascimento do filho, hoje com um ano e quatro meses, e que aumentou o consumo hortifruti durante a pandemia. Para ela, a sazonalidade faz todo o sentido. “Foram inúmeras as vezes que comprei legumes ou frutas fora de época e eles têm menos sabor, não amadurecem direito ou estragam antes de ficar no ponto certo para consumo, mas nem sempre as pessoas prestam atenção nesses detalhes”, conta.
Da outra ponta, a produtora Valéria conta que até 2014, quando entrou em vigor o novo plano diretor, a cidade não tinha zona considerada rural, o que dificultava muitas coisas. “O que mais faz falta são incentivos para que mais lugares dentro das cidades plantem para alimentar quem nelas vivem. Aí com certeza seria mais viável para todos”, completa.
Saiba mais sobre o trabalho da Cooperapas no webdoc a seguir:
**
Continue percorrendo os caminhos para a alimentação saudável nos outros artigos desta série:
Os caminhos para uma alimentação saudável
**
Este conteúdo faz parte da quarta edição do projeto Experimenta! – Comida, saúde e cultura. Em 2020, o ponto de encontro para conversar sobre este assunto fundamental para o bem-estar individual e coletivo será o debate Alimentação: um direito de todos, que acontece no dia 14/10, às 10h, e será transmitido ao vivo em youtube.com/sescsp, com a participação de Frei Betto, Daniel Balaban, Elisabetta Recine e mediação de Adriana Salay Leme.
Utilizamos cookies essenciais, de acordo com a nossa Política de Privacidade, para personalizar e aprimorar sua experiência neste site. Ao continuar navegando, você concorda com estas condições.