ENTRE CEREJEIRAS E IDEOGRAMAS | Almanaque Paulistano

31/05/2022

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Leia a edição de junho/22 da Revista E na íntegra

CONHEÇA CINCO ESPAÇOS E PROJETOS QUE CELEBRAM A CULTURA JAPONESA EM SÃO PAULO, PARA ALÉM DA LIBERDADE

Quando pensamos em cultura japonesa na cidade de São Paulo, logo vem à mente o bairro da Liberdade, com seus karaokês, sushis, lámens, lanternas vermelhas e espaços como o Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil, cujo acervo reúne mais de 97 mil itens que preservam a memória desses ancestrais pioneiros. Mas a presença nipônica em solo paulistano vai muito além do famoso bairro localizado na região central da cidade: está espalhada por vários cantos e lugares, como o Parque do Carmo, o Parque Ibirapuera, as avenidas Paulista e Faria Lima, e o Edifício Altino Arantes (ex-Banespa, atual Farol Santander). Neste mês em que se completam 114 anos da primeira vinda de imigrantes japoneses ao nosso país, a bordo do navio Kasato Maru, que atracou no Porto de Santos com 781 passageiros, propomos um passeio por cinco cantinhos da capital paulista, entre cerejeiras, bonsais, carpas, ideogramas e obras de arte. Irasshaimase! (Seja bem-vindo!).

1. BOSQUE ENCANTADO

Reduto verde na Zona Leste, o Parque do Carmo concentra, em 2,3 milhões de metros quadrados, diversas espécies da fauna e flora, lagos, planetário, ciclovia, pista de corrida, campos de futebol e espaço para piquenique. Entre outros atrativos, incluem-se ainda o Monumento à Imigração Japonesa e o Bosque das Cerejeiras, com mais de 4 mil árvores, entre as quais é realizada anualmente, desde 1978, a Festa das Cerejeiras, para comemorar a florada desse símbolo natural do Japão – chamado por lá de sakura. Entre os meses de julho e agosto, os visitantes podem praticar o ritual do hanami, de contemplação dessas flores. Como há três variedades de cerejeiras no local, o desabrochar não ocorre de maneira uniforme e dura até duas semanas. Há uma verdadeira “chuva” em diferentes tons de rosa, que logo forma um tapete de pétalas pelo gramado do parque. Segundo o organizador do evento, Satiro Shimizo, da Federação de Sakura e Ipê do Brasil, o festival será retomado após dois anos de pandemia e está previsto para acontecer de 5 a 7 de agosto, com atividades até o fim do mês.

Bosque das Cerejeiras – Parque do Carmo – Olavo Egydio Setúbal
Local:
Av. Afonso de Sampaio e Sousa, 951 – Itaquera
Horário: Todos os dias, das 5h30 às 20h
Entrada gratuita
INFORMAÇÕES: (11) 2748-0010 e pelo site do parque

2. CARPAS, ARTE E BONSAIS

Construído pelo governo japonês em parceria com a comunidade nipo-brasileira no meio do Parque Ibirapuera, o Pavilhão Japonês foi doado a São Paulo em 1954, quando a cidade comemorou 400 anos e o parque foi, então, inaugurado. Madeiras, pedras vulcânicas e outros materiais que compõem o pavilhão foram trazidos de navio diretamente do Japão. Outra curiosidade é que a construção utilizou técnicas tradicionais do país, tendo como referência o Palácio de Katsura, em Kyoto. Cercado de plantas e bonsais, o espaço é composto por um edifício principal suspenso, que se articula em um salão nobre e várias salas anexas (incluindo uma para a cerimônia de chá), salão de exposição e jardim, além de um lago onde nadam cerca de 320 carpas. O lugar também abriga tesouros artísticos de diferentes períodos do Japão, todos doados pelo governo do país, por empresas, entidades e personalidades diversas.

Pavilhão Japonês – Parque Ibirapuera
Local:
Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Ibirapuera. Entrada pelo Portão 10 (próximo ao Planetário e ao Museu Afro Brasil)
Horário: De quinta a domingo e feriados, das 10h às 17h
Entrada gratuita às quintas-feiras
INFORMAÇÕES: (11) 99538-1927/96390-2404 ou por e-mail

Pavilhão Japonês, no Parque do Ibirapuera. Foto: Luciano Munhoz.
Pavilhão Japonês, no Parque do Ibirapuera. Foto: Luciano Munhoz

3. JOIAS E CORDAS TRANÇADAS

Em frente à Casa das Rosas e próximo ao Sesc Avenida Paulista, a Japan House São Paulo está com duas exposições em cartaz. A primeira, [ím]pares, vai até 12 de junho e destaca o refinado senso estético nipônico, por meio de 75 peças elaboradas por cinco designers de joias que combinam elementos tradicionais e contemporâneos. São colares, brincos, anéis, pulseiras, pingentes e broches que ocupam o espaço expositivo no térreo do prédio. A segunda mostra, Kumihimo: a arte do trançado japonês com seda, por Domyo, pode ser vista no segundo andar e fica aberta ao público até 28 de agosto. Nela,  é possível conhecer a arte do kumihimo (cordas trançadas) feita pela Domyo, empresa familiar com sede em Tóquio que fabrica esses cordões trabalhados à mão há dez gerações, desde 1652. Essa técnica existe no Japão desde o século 6 e se popularizou com o passar do tempo, sendo utilizada em quimonos, espadas, elementos decorativos e até em áreas como engenharias civil e aeroespacial. A exposição já passou pela Japan House de Los Angeles e, depois de São Paulo, seguirá para Londres. 

Japan House
Local: Avenida Paulista, 52 – Bela Vista (próximo à estação de metrô Brigadeiro, Linha Verde, e da estação Paraíso, linhas Verde e Azul)
Horário: De terça a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 9h às 19h; domingos e feriados, das 9h às 18h 
Entrada gratuita
INFORMAÇÕES: (11) 3090-8900 e pelo site do Japan House

Exposição [ím]pares, no Japan House. Foto: Ding Musa.
Exposição “[ím]pares”, na Japan House. Foto: Ding Musa

4. AQUARELAS DANÇANTES

Até 16 de outubro, o Instituto Tomie Ohtake apresenta a exposição Tomie Ohtake – A Dança da Água, que reúne obras da artista plástica japonesa naturalizada brasileira. São trabalhos feitos a partir de 1985, quando Tomie (1913-2015) passa a fazer da água uma musa, com a entrada da tinta acrílica em seu ateliê. No pincel da artista, a água confere dinamismo, fluidez e transparência, diluindo as cores, agilizando a secagem e dando movimento aos quadros abstratos. Assim, a pintora e escultora nascida em Kyoto liberava-se de seus estudos-colagens e começava a testar nas telas várias formas de jogar com as tintas e com seu caráter aquoso. Diferentes matizes azulados, dos mais brilhantes aos melancólicos, encontram-se em experimentos.

Tomie Ohtake – A Dança da Água – Instituto Tomie Ohtake
Local: Av. Brigadeiro Faria Lima, 201 – Pinheiros. Entrada pela Rua dos Coropés, 88 (próximo à estação de metrô Faria Lima, Linha Amarela)
Horário: De terça a domingo, das 11h às 20h
Entrada gratuita. Algumas exposições podem ser pagas (consulte a programação)
INFORMAÇÕES: (11) 2245-1900 e pelo site do instituto

Acrílica sobre tela “Sem título”, Tomie Ohtake, 1995. Foto: Rômulo Fialdini

5. DA ENXADA AO PINCEL

Outro artista japonês consagrado e naturalizado brasileiro, o pintor, desenhista e tapeceiro Manabu Mabe (1924-1997) ganha, até 31 de julho, uma mostra inédita e imersiva no Farol Santander. Manabu Mabe: Uma experiência marca os 25 anos da morte desse pioneiro do abstracionismo, com 50 obras originais pertencentes ao acervo da família, com um recorte sobre a produção, o processo criativo e as técnicas usadas entre 1940 e 1990. A exposição está dividida em cinco núcleos no 19º andar do antigo prédio do Banespa. Reconhecido no Brasil, no Japão e também internacionalmente, Mabe chegou ao estado de São Paulo em 1934 e trabalhou em cafezais do interior paulista durante a infância e a adolescência. O lavrador, então, tornou-se pintor e sua obra alcançou o grande público, a exemplo de Olho do furacão (1961), Paisagem da Bolívia (1965) e Voz de Céu (1997). 

Manabu Mabe: Uma experiência – Farol Santander
Local: Rua João Brícola, 24, Centro (próximo à estação de metrô São Bento, Linha Azul)
Horário: De terça a domingo, das 9h às 20h
Ingressos: A consultar
INFORMAÇÕES: (11) 3553-5627 e pelo site do Farol Santander

Exposição Manabu Mabe: Uma experiência, no Farol Santander. Foto: Vicvonposer
Exposição “Manabu Mabe: Uma experiência“, no Farol Santander. Fotos: Vicvonposer

A EDIÇÃO DE JUNHO/22 DA REVISTA E ESTÁ NO AR!

Nesta edição, celebramos os 30 anos da ECO-92, Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento que, no começo da década de 1990, propôs uma série de debates e compromissos dos quase 180 países participantes com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente. Nesta reportagem, propomos um resgate histórico sobre os marcos e conquistas ambientais no Brasil e no mundo e revelamos quais os ecos da ECO-92 três décadas depois de sua realização.

Além disso, a Revista E de junho traz outros destaques: uma reportagem que destaca a diversidade de estilos, formações e técnicas na produção contemporânea de música de câmara; uma entrevista sobre parentalidade com a psicanalista Vera Iaconelli; um depoimento de Zezé Motta sobre os mais de 50 anos de carreira; um passeio visual pelas obras da exposição Xilograffiti, em cartaz no Sesc Consolação; um perfil de Lygia Fagundes Telles, um dos maiores nomes da literatura brasileira; um encontro com Marcio Atalla, que defende a adoção de uma vida mais ativa para o bem-estar a e saúde a longo prazo; um roteiro por 5 espaços que celebram a cultura japonesa em SP; o conto inédito “Careiro”, assinado pela escritora Paulliny Tort; e dois artigos que celebram o legado do sociólogo e crítico literário Antonio Candido.

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