Ilustração: Luyse Costa / Freepik
por Cristina Fongaro Perez
Completamos dois anos do início da pandemia. Algumas situações parecem se arrastar, outras correm velozmente em franca transformação – e nesse vai e vem de coragens e medos, fico tentando ver o que para em pé, o que se construiu.
Meu ponto de vista é urbano: uma coisa que marcou este tempo foi perceber intensamente o quanto a vida na cidade é pautada pelo consumo. Neste sentido, só foi possível estar isolada, com maior ou menor intensidade, graças ao trabalho de outras pessoas, cidadãos ou cidadãs como eu. Uma segunda constatação é a necessidade de ter tecnologias digitais à mão – e, obviamente, estar conectada à internet.
Entre sentimentos contraditórios, sobressaem a admiração e gratidão. O trabalho presencial de muitos garantiu o home office de outros. E como pano de fundo, o empenho de alguns garantiu a vida de tantos! #vivaosus #vacinajá!!
E o que dizer da solidariedade? Muita mobilização por meio dos canais digitais na batalha contra a miséria, levando trabalho voluntário às ruas, ou pessoas a se dedicar a campanhas contra a fome, que se ampliaram à medida que ficava claro que a pandemia, infelizmente, perduraria…
Redes sociais mostraram, por vezes, suas melhores facetas: revelaram-se redes de apoio, de difusão do conhecimento, de luta por engajamento, de estímulo à fruição e ao encantamento. Continuo, neste tempo híbrido, a participar desta lógica de relações coletivas organizada em territórios virtuais. Assisto, consumo, comprometo-me.
Andar pela cidade tomada pela miséria tornou-se uma experiência dolorosa. Entretanto, um teimoso exercício de otimismo me leva a reparar naquilo que foi possível construir: pequenos comércios, novas possibilidades de serviços e produtos.
A inventividade nas produções, a força dos pequenos empreendimentos ganhando espaço nas redes digitais, as urgências que cresceram exponencialmente nesse mundo deslocam ainda mais meu olhar das prateleiras convencionais. Eu consumo, cada vez mais, no comércio do bairro, formal ou informal, muito por ser filha de comerciante e ter vivido esta lógica de economia local. Mas, posso ir além deste território e tomar a iniciativa de me vincular a outras economias locais – por que não? Juntar os sentimentos e, então, fazer minhas escolhas.
Ao pensar no impacto que o consumidor tem a cada escolha que faz, viajo numa campanha, no embalo das hashtags: #valorizeainiciativa. É uma hashtag ficcional. Me pergunto qual seria a adesão a ela hoje. Entendendo por iniciativa o sinônimo de tomada de decisão, mas também uma maneira de se referir a grupos produtivos cuja atuação está comprometida com o bem comum. Há muito a escolher.
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A edição de março/22 da Revista E está no ar!
Nas páginas deste mês, você conhece o projeto “Infindável Viagem: Takeo Sawada – artista, educador” (imagem de capa), composto por ações no Sesc Thermas de Presidente Prudente e no Sesc TV.
Além disso, a revista de março traz outros destaques, como a exposição “DARWIN, O ORIGINAL”, do Sesc Itaquera; um levantamento que, no mês da mulher, apresenta as ruas da capital paulista que homenageiam personalidades femininas; um depoimento dos jornalistas Tatiana Vasconcellos e Nando Andrade sobre sua rotina no rádio; um perfil da diva Elza Soares (1930-2022); uma reportagem sobre iniciativas que mostram a força de uma economia baseada na solidariedade e na coletividade; um passeio pelas ilustrações criadas para o experimento literário Folhetim, do Sesc Pompeia; uma entrevista com o economista Marcio Pochmann sobre modelos econômicos e o futuro da sociedade; e artigos que abordam os desafios do envelhecimento das pessoas LGBTQIA+.
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