Sobre Marias e Firminas: Escritas de Mulheres Negras é um projeto do Sesc Carmo que homenageia Maria Firmina dos Reis no ano do bicentenário de seu nascimento.
Assim como ela, ainda hoje, muitas intelectuais e escritoras negras são invisibilizadas.
Nessa perspectiva, destacamos algumas escritoras negras brasileiras presentes na biblioteca da unidade para que você conheça. Os livros estão disponíveis para consulta ou para empréstimo.
Djamila Ribeiro
Conceição Evaristo
Ryane Leão
Carolina Maria de Jesus
Ana Paula Maria
Jarid Arraes
Lélia González
Cidinha da Silva
Elisa Lucinda
Kiusam de Oliveira
Sueli Carneiro
Ana Maria Gonçalves
Nascida em 1980, na cidade de Santos (SP), Djamila Ribeiro é filósofa e professora. É uma das mais conhecidas militantes em defesa dos negros e das mulheres no Brasil e denuncia uma realidade cruel existente no país, onde a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado. A escritora define o racismo estrutural como a base mais forte de toda relação social no Brasil. Segundo Djamila, o comportamento do brasileiro em relação ao racismo funciona assim: todo mundo sabe que existe, mas ninguém acha que é racista.
· O que é lugar de fala? (2017).
· Quem tem medo do feminismo negro? (2018).
· Pequeno manual antirracista. (2019).
· Lugar de Fala. (2019).
Nascida em 1946 em Belo Horizonte (MG), Conceição Evaristo é linguista e escritora nos gêneros de poesia, romance, conto e ensaio, onde busca resgatar a ancestralidade negro-brasileira. Conceição é referência na luta contra o racismo e o machismo que se encontram na base da sociedade brasileira e afirma: “minha escrita é contaminada pela condição de mulher negra”.
· Ponciá Vicêncio (2003) · Becos da Memória (2006)
· Poemas da recordação e outros movimentos (2017).
· Insubmissas lágrimas de mulheres (2011).
· Olhos d`água (2014).
· Histórias de leves enganos e parecenças (Editora Malê, 2016).
· Canção para ninar menino grande. (2018).
Nascida em 1989 em Cuiabá (MT), Ryane é professora e poeta. Sua obra dialoga com temas sobre ancestralidade, violência contra a mulher e empoderamento feminino. Ela publica seus escritos na página “Onde jazz meu coração” e recita seus poemas em saraus e slams pelo Brasil, como esse: “ouça suas cicatrizes – só elas sabem o segredo da sua cura”.
· Tudo Nela Brilha e Queima (2017)
· Jamais peço desculpas por me derramar (2019)
Natural da cidade de Sacramento (MG), Carolina nasceu em 1914 e faleceu em 1977. Chegou em São Paulo aos 33 anos e foi moradora da favela do Canindé. Em 1960 foi publicada sua primeira obra, “Quarto de Despejo” que em 4 dias vendeu 10.000 exemplares. No livro, Carolina faz um relato de seu dia a dia na favela e como sobrevivia à fome com seus três filhos. É dela a frase: “O maior espetáculo do pobre, hoje, é comer”.
· Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada (1960)
· Casa de Alvenaria (1961): Diário de uma ex-Favelada
· Pedaços de Fome (1963)
· Provérbios (1963)
Póstumas
· Diário de Bitita (1977)
· Um Brasil para Brasileiros (1982)
· Meu Estranho Diário (1996)
· Antologia Pessoal (1996)
· Onde Estaes Felicidade? (2014)
· Meu sonho é escrever – Contos inéditos e outros escritos (2018)
Nascida em Nova Iguaçu (RJ) em 1977, Ana Paula é escritora e roteirista. Foi vencedora do Prêmio São Paulo de Literatura, na categoria melhor romance por dois anos consecutivos (2018-2019). Um dos temas mais abordados pela autora é a relação do homem com o trabalho que exerce, principalmente “o trabalho sujo”, aquele que ninguém quer, tais como coveiro, trabalhador de crematório e matadouro, etc.
· O habitante das falhas subterrâneas (2003)
· A guerra dos bastardos (2007).
· Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos. Publicado em conjunto com O trabalho sujo dos outros (2009).
· Carvão animal (2011).
· De gados e homens (2013).
· Assim na terra como embaixo da terra (2017).
· Enterre seus mortos (2018).
Nasceu em Juazeiro do Norte (CE) em 1991. Poeta, cordelista e contista, tem mais de 70 títulos publicados em literatura de cordel, incluindo a coleção Heroínas Negras na História do Brasil. Em seu último livro, Jarid retrata o cotidiano público e privado das mulheres cearenses da região do Cariri: “Olhos de quem estava acostumada a afundar injustiças no fundo do corpo.”
· Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis (2012)
· As Lendas de Dandara (2016).
· Um buraco com meu nome (2018).
· Redemoinho em dia quente (2019).
Nasceu em Belo Horizonte (MG) em 1935 e faleceu em 1994. Foi professora, filósofa e antropóloga. Considerada uma das mais importantes intelectuais brasileiras do século XX, foi precursora nas discussões sobre gênero e raça e teve atuação decisiva na luta contra o racismo estrutural. Lélia afirmava que “a gente não nasce negro, a gente se torna negro. É uma conquista dura, cruel, que se desenvolve pela vida da gente afora”.
· Lugar de negro (1982).
· Festas populares no Brasil (1987).
· Por um Feminismo afro-latino-americano (1979 a 1994).
Nascida em Belo Horizonte (MG) em 1967, Cidinha é historiadora e escritora em diversos gêneros literários. Presidiu o Geledés – Instituto da Mulher Negra e fundou o Kuanza, instituto que promove ações de educação e articulação comunitária para a população preta. Cidinha da Silva assim se define: “Sou negra, isso precede qualquer coisa. Sou uma escritora que tem posição política sobre as coisas e sobre o mundo. Toda arte é política, toda a literatura também…”
Contos
· Você me deixe, viu? Eu vou bater meu tambor! (2008).
· Um Exu em Nova York (2018).
Crônicas
· Cada Tridente em seu lugar e outras crônicas (2006).
· Oh margem! reinventa os rios! (2011).
· Racismo no Brasil e afetos correlatos (2013).
· Baú de miudezas, sol e chuva (2014).
· Sobre-viventes (2016).
· Parem de nos matar! (2016).
Infanto-juvenil
· Os nove pentes d´África (2009).
· Mar de Manu (2011).
· Kuami (2011).
Poesia
· Canções de amor e dengo (2016).
Teatro
· Engravidei, pari cavalos e aprendi a voar sem asas (2013).
· Os coloridos (2015).
Organização
· Ações Afirmativas em Educação: experiências brasileiras (2003).
· Africanidades e relações raciais: insumos para políticas públicas na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas no Brasil (2014).
Nascida em Cariacica (ES) em 1958, Elisa é poeta, cantora, jornalista e atriz. É a escritora de sua geração que mais busca popularizar a poesia e criou a Escola Lucinda de Poesia Viva. É dela a frase: “As pessoas aqui no Espírito Santo acham chiquérrimo dizer: Eu sou descendente de alemão, eu sou descendente de italiano. Eu acho chiquérrimo ser descendente de negros”.
· A Lua que menstrua (1992).
· Sósia dos sonhos (1993).
· O Semelhante (1995).
· Eu te amo e suas estreias (1999).
· A Menina Transparente (2000).
· Coleção Amigo Oculto (2002).
· 50 Poemas Escolhidos pelo Autor (2004).
· Contos de Vista (2005).
· A Fúria da Beleza (2006).
· A Poesia do encontro – Elisa Lucinda e Rubem Alves (2008).
· Parem de falar mal da rotina (2010).
· Fernando Pessoa, o Cavaleiro de Nada (2014).
· Vozes Guardadas (2016).
· Livro do avesso, O pensamento de Edite (2019).
Nascida em Santo André (SP), é doutora em educação e professora da UFES. Kiusam se define como “uma produtora de literatura negro-brasileira do encantamento infantil e juvenil”. Viaja pelo Brasil promovendo discussões sobre as relações étnico-raciais e práticas pedagógicas capazes de libertar as pessoas da exploração, discriminação e racismo.
· Omo-Oba: Histórias de princesas (2010)
· O mundo no black power de Tayó (2013)
· O mar que banha a Ilha de Goré (2015)
· O black power de Akin (2020).
Sueli Carneiro é fundadora e diretora do Geledés — Instituto da Mulher Negra, primeira organização negra e feminista de São Paulo que luta contra o racismo, o sexismo e a desigualdade. A escritora também é filósofa e possui uma vasta produção intelectual voltada para relações raciais e de gênero na sociedade brasileira. Sueli afirma: “Indignação sempre foi a palavra que mais me impulsionou. Odeio injustiça”.
· Escritos de uma vida (2018).
· Racismo, Sexismo e Desigualdade no Brasil (2011).
· Mulher negra: Política governamental e a mulher (1985), com Thereza Santos e Albertina de Oliveira Costa.
· A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese (Doutorado em educação, 2005). Universidade de São Paulo, São Paulo.
Mineira de Ibiá, Ana é publicitária e escritora. Trabalhou durante 5 anos para escrever o romance histórico “Um defeito de cor”, vencedor do Prêmio Casa de las Américas (Cuba). O livro conta a história de Kehinde que aos 8 anos foi capturada e jogada em um navio negreiro rumo ao Brasil. Segundo Ana, “racismo é o tema sobre o qual me interessa escrever, não como fato isolado, mas como realidade intrínseca desde sempre à sociedade brasileira”.
· 2002 – Ao lado e à margem do que sentes por mim
· 2006 – Um defeito de cor
Teatro
· 2016 – Tchau, Querida!
· 2017 – Chão de Pequenos (Companhia Negra de Teatro)
Acompanhe a programação e todas as atividades do projeto Sobre Marias e Firminas: Escritas de Mulheres Negras, aqui no Sesc Carmo.
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