Vocês sabiam que as palavras perambulam por aí?
Atravessam oceanos, vão parar em terras distantes, se unem a outras palavras e até ganham novos significados. Algumas desaparecem e outras voltam a aparecer. As expressões idiomáticas existem em diversos lugares do Brasil e no mundo.
Muitas vieram na bagagem e na memória dos povos diversos que aqui chegaram. Para indicar novas formas de ver a realidade, o falante brinca com as palavras, criando e recriando novas expressões. E assim elas ganham novas roupagens para expressar manifestações culturais e revelar traços da identidade de um povo. As expressões idiomáticas são marcadas pela criatividade, capazes de dar mais vida, emoção e sentimento para algo que, muitas vezes, a palavra sozinha não dá conta.
E agora? Que tal brincar com algumas expressões idiomáticas? A equipe de ação educativa da exposição Perambular, no Sesc Carmo, selecionou 20 expressões para essa atividade. Dez delas foram ilustradas pela artista Isabella Alves e publicadas nas redes sociais da unidade. As outras dez você encontra no material que desenvolvemos em PDF. Você pode baixar esse arquivo, imprimir e se divertir!
Ficar de calundu
Quando alguém diz: “Fulano está de calundu”, melhor sair de perto, pois a pessoa pode estar zangada, triste ou cansada. Representa uma mudança de humor. Essa é uma expressão muito utilizada hoje em dia no nordeste brasileiro, principalmente na Bahia. A palavra “calundu” chegou ao Brasil junto com os povos bantus escravizados e suas práticas religiosas, trazidos de várias regiões da África, como Angola, país que tem muito em comum com o Brasil.
Amarrar o burro
Essa expressão pode indicar uma situação que está empacada, onde não se consegue sair do lugar em que foi colocado. Já na exposição Perambular, o “burro” ganhou o nome de Zurro, e está sempre parando para prestar atenção nas sutilezas da vida e disposto a esperar seus amigos, numa lenta caminhada. “Amarrar o burro” ganhou diferentes significados Brasil afora.
Ficar com o rei na barriga
Essa expressão é usada aqui no Brasil para indicar uma pessoa que se acha melhor do que todos e dá muita importância a si mesma. Ela provém do período em que a monarquia portuguesa vivia aqui. Quando rainhas estavam grávidas, passavam a ser tratadas de maneira especial e com muita importância, pois carregavam o herdeiro do trono, o “rei na barriga”. Em Portugal, a expressão é utilizada para falar de pessoas altivas, de nariz empinado.
Rebolar no mato
Essa é uma expressão que cria várias imagens na nossa mente. Muito utilizada em cidades na região nordeste do Brasil, é um jeito descontraído e irreverente para alguém falar que vai se desfazer de alguma coisa, jogá-la no lixo.
Barril dobrado
Essa expressão é muita usada na Bahia e pode significar uma coisa muito boa, complicada ou perigosa, a depender do contexto. “Essa parte da cidade é barril dobrado” (muito perigosa) ou “Véi, a viagem foi barril dobrado” (muito boa). Sua origem é incerta, mas há uma teoria de que ela está conectada ao sentido de barris de pólvora, que são explosivos e perigosos.
O gato comeu a língua
Essa expressão pode indicar uma indagação dirigida a quem permanece calado durante muito tempo. É utilizada em diversos países. Entre suas origens há uma referência que aponta para uma criação linguística, a partir do universo fabuloso das crianças, imaginando que alguém pudesse ter a língua engolida por um gato.
Baixa da égua
Essa expressão significa o mesmo que dizer para uma pessoa se afastar, ir para um lugar distante porque está atormentando alguém. Essa expressão é muito usada em algumas regiões do Nordeste e Goiás. Embora não tenha origem específica, sabe-se que no nordeste chamava-se assim o lugar em depressão geológica onde se deixava animais para pastagem.
Comer um trem
Você já deve ter ouvido um mineiro colocando um trem no meio das frases. Numa brincadeira com as palavras, esse trem ganha um novo significado por aqui. Essa expressão muito utilizada em Minas Gerais, quer dizer que alguém quer comer alguma coisa.
Chorar as pitangas
Essa expressão é usada quando falamos de um choro de arrependimento por algo que não tem mais volta. Entre suas possíveis origens, está a palavra tupi “Pyranga” (Vermelho), referindo-se a quando os olhos ficam avermelhados de tanto chorar. Também apontada como uma versão brasileira da expressão portuguesa “Chorar lágrimas de sangue” .
Lágrimas de crocodilo
Muito utilizada em situações onde não há sinceridade. Mas você já se perguntou da onde teria surgido essa expressão? Há estudos que indicam que os crocodilos lacrimejam enquanto devoram suas presas. Ainda que nessa ação, as lágrimas não representem emoção e sim um reflexo diante da força do movimento das mandíbulas, a expressão ficou muito popular em
caracterizar uma falsidade de sentimentos. Utilizada também em outros idiomas, em francês, a expressão é “larme de crocodile”.
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Concepção e criação: Natalia Homero e Vanessa Lima (educadoras), K.A Gestão Cultural, Carolina Velasquez e Eri Alves (coordenação) e Rachel Amoroso (equipe Sesc)
Projeto gráfico e ilustração: Isabella Alves
Concepção e criação: Natalia Homero e Vanessa Lima (educadoras), K.A Gestão Cultural, Carolina Velasquez e Eri Alves (coordenação) e Rachel Amoroso (equipe Sesc)
Projeto gráfico e ilustração: Isabella Alves
Exposição Perambular
Curadoria e concepção artística: Selma Maria
Assistência de curadoria: José Santos
Concepção cenográfica: Hellena Kuasne Anderson
Direção de arte: Fabian Alonso e Hellena Kuasne Anderson
Produção executiva: MUDA práticas
Design gráfico: grupotrëma (Laura Sobral e Leila Schöntag)
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