Leia a edição de julho/22 da Revista E na íntegra
“A fotografia conta histórias com ou sem passado. Quando isso fica impossível, a fotografia (re)inventa”. É por esse caminho de invenção e reinvenção que o fotógrafo Penna Prearo celebra, neste ano, cinco décadas de trabalho. A frase dita pelo artista resume a potência de sua mais recente incursão: a criação de imagens que capturam a atenção do público ao construir um cenário que ora distorce ora cria realidades. O resultado dessas experimentações pode ser conferido na exposição Penna Prearo – Labirintos Revisitados, no Sesc Bom Retiro, que reúne 49 dos trabalhos mais recentes do fotógrafo [leia boxe Caleidoscópio de imagens].
Nascido em 1949 no distrito de Mailaski, no município de São Roque, em São Paulo, o artista que já fotografou grandes nomes da música como Tim Maia, e foi responsável pela capa de discos históricos como Elis (1977), de Elis Regina, passou a se dedicar a experimentações e a pesquisas com a cor a partir da década de 1980. Residente na capital, ele vem produzindo ao longo dos últimos 50 anos uma extensa e original obra fotográfica que, na fase mais recente, tem o celular como suporte. Protagonista de uma geração analógica, Penna Prearo conversa com o tempo e não retira a importância dessa ferramenta digital.
“Pedaços de luz
Penna Prearo
vão compondo quadros
da vida acordando
preguiçosa.
Apesar de tanta beleza,
me espera uma dura batalha:
– inverter o tempo
e enlouquecer a bússola.”
Depois do diagnóstico de mal de Parkinson em 2016, que prejudicou parcialmente sua mobilidade, o smartphone se tornou mais uma lente. “Antes eu usava o ‘espertofone’ como rascunho, fazia anotações e experimentava sem me entusiasmar. Só que, com a chegada de Mr. Parkinson, isso mudou. Tive que encontrar soluções para trabalhar, usar outro tipo de ferramenta e, consequentemente, o processo de criação foi alterado. Dessa forma, o ‘espertofone’ abriu caminho e ocupou um certo espaço na minha criação fotográfica”, explica.
Fazedor de enigmas imagéticos, o artista não busca do público impressões únicas, nem definições de sua obra. Pelo contrário, nos instiga a brincar com as dobraduras de sentidos que suas fotografias geram. “Há décadas, Penna Prearo quebrou o discutível pacto que impõe à imagem fotográfica o dever de capturar uma fração do mundo, o compromisso de ser transparente. Passou a fazer da imagem fotográfica um bumerangue que bate no mundo para voltar repicando sobre si”, arremata o curador da exposição, Agnaldo Farias.
CALEIDOSCÓPIO DE IMAGENS
Exposição no Sesc Bom Retiro reúne 49 trabalhos recentes do fotógrafo
Com curadoria de Agnaldo Farias e Baixo Ribeiro, a exposição Penna Prearo – Labirintos Revisitados, em cartaz no Sesc Bom Retiro, reúne 49 dos trabalhos mais recentes do fotógrafo. Dentre as imagens da mostra está Thelonious em Atlantis (2017), obra na qual uma estrada parece se encaminhar para o céu, ou o contrário: é o firmamento de azul saturado que deságua pela estrada. “A produção atual de Penna Prearo explora a alta saturação de cores e a distorção repetitiva de imagens, o que cria uma atmosfera psicodélica e urbana”, destaca o curador Baixo Ribeiro.
Para flanar por essa dobradura de mundos forjados pelo artista, a própria arquitetura do espaço expositivo, desenvolvida por Ana Paula Pontes, convida o visitante a um percurso que se assemelha a um labirinto, numa referência ao título. Dessa forma, caminha-se por um espaço em que paredes metálicas vazadas permitem a visualização das fotografias sob diversas perspectivas e planos sobrepostos. Além das fotografias, estão presentes interferências poético-visuais criadas por Penna Prearo, que também faz da poesia outro caleidoscópio de imagens, tendo a palavra como matriz.
SERVIÇO
Penna Prearo – Labirintos Revisitados
Local: Sesc Bom Retiro
Visitação: até 16 de outubro de 2022, de terça a sexta, das 9h às 20h | Sábado, das 10h às 20h | Domingo e feriado, das 10h às 18h
Entrada gratuita. Não é necessário realizar agendamento.
Agendamento de grupos: agendamento.bomretiro@sescsp.org.br
Confira uma galeria com 15 obras expostas na mostra Penna Prearo - Labirintos Revisitados, em cartaz no Sesc Bom Retiro:
A EDIÇÃO DE JULHO/22 DA REVISTA E ESTÁ NO AR!
Neste mês, quando o Sesc São Paulo promove mais uma edição do FestA! – Festival de Aprender, celebramos a ludicidade dos jogos analógicos e revelamos que, apesar do surgimento de novas tecnologias, eles atravessam gerações, atualizando-se em temas e formatos, incorporando narrativas inovadoras e estimulando o aprendizado. Nossa reportagem principal prova que o jogar, ato que perpassa todas as fases da vida, compõe uma importante parte da existência humana e contribui para o exercício da socialização e o amadurecimento de nossa criatividade.
Além dessa reportagem, a Revista E de julho traz outros conteúdos: um texto que convida o leitor a uma imersão na Trilha do Sentir, passeio sensorial e acessível em meio à restinga, na Reserva Natural Sesc Bertioga; uma entrevista com o professor e pesquisador Fernando José de Almeida sobre caminhos para a educação na era digital; um depoimento do diretor mineiro Gabriel Villela sobre dramaturgia, direção e seus 30 anos de casamento com o teatro; um passeio fotográfico pelas obras da exposição, em cartaz no Sesc Bom Retiro, que celebra as experimentações do artista Penna Prearo; um perfil de Yara Bernette (1920-2002), um dos grandes nomes brasileiros do piano no século XX; um encontro com Issaaf Karhawi, pesquisadora em comunicação digital que defende não haver mais divisão entre vida on e offline; um roteiro por 5 passeios divertidos e educativos nas unidades do Sesc SP para fazer com a criançada no mês das férias; quatro poesias inéditas assinadas assinadas pelo artista Ricardo Aleixo; e dois artigos, assinados por Sueli Angelo Furlan e Thaise Costa Guzzatti, que refletem sobre o Turismo de Base Comunitária.
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