Foto: Evelson de Freitas
Elza Soares fez dos refrões da música “A mulher do fim do mundo” parte da sua trajetória e cantou – incansavelmente – até o fim. Aos 91 anos, em casa, a estrela partiu em 20 de janeiro de 2022. A cantora, que levantou a poeira e deu a volta por cima muitas vezes, deixa um legado imortal.
Com uma vida marcada por superação, reinvenção, criatividade e força, Elza, mulher negra e periférica, venceu preconceitos, se tornou símbolo de resistência e imprimiu sua marca na história da música brasileira. Cantou suas dores, vitórias e evidenciou as lutas do seu povo.
Dona de uma marcante voz rouca, Elza acumulou prêmios e reconhecimentos em mais de 60 anos de carreira. Foi eleita a cantora do milênio pela BBC de Londres, ganhou o troféu da Associação Paulista de Críticos de Arte, o Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira e um lugar na lista dos 10 melhores álbuns de 2016, do jornal The New York Times, com o disco “A Mulher do Fim do Mundo”, de 2015.
Entre as muitas e brilhantes passagens de Elza pelos palcos de unidades do Sesc, encontramos alguns registros que relembram a autenticidade e a potência da cantora. Por sorte, temos gravações em áudio e vídeo para ouvir a “voz do milênio” quando bater a saudade. Com muito samba, jazz, funk, hip hop e milhares de experimentos sonoros, sua voz vai ecoar até o fim do mundo, como ela desejava.
No mês de comemoração de seus 90 anos, Elza fez show direto de sua casa no #EmCasaComSesc. A apresentação intimista, ao lado do rapper Flavio Renegado e do músico JP. Silva, reuniu sucessos da sua discografia.
Elza pode ser vista também em show do SescTV gravado durante o lançamento do 34º disco dela, “A Mulher do Fim do Mundo”, que levou ao palco do Sesc Pinheiros o álbum em três apresentações, com as participações de Kiko Dinucci, Marcelo Cabral, Bixiga 70, Rodrigo Campos, Marcelo Cabral, Dalua e Rubi, além de Guilherme Kastrup – que também assina a produção do disco e a direção musical do show.
O SescTV também convidou a artista para participar do especial “Compacto”. O episódio trata da sua estreia no palco de Ary Barroso; e para evitar escrever outra versão (talvez a milésima do mesmo fato), a própria Elza conta.
A cantora passou ainda pelo Sesc Birigui. Na ocasião, falou sobre como a sua arte influencia causas ligadas ao feminino, a mulher dentro de cada um e sua história como exemplo de superação.
À Revista E, Elza destacou o seu fazer artístico: “Eu canto samba, jazz, bossa e rap. Misturo tudo porque minha arte reflete a minha vida e viver para mim é um ato político. Meu trabalho carrega minha força para contar um pouco do que eu passei na minha história.”
Homenagens
Entre as muitas homenagens que a artista recebeu em vida, o musical “Elza” é um dos destaques. Estreou em 2018 e se tornou um fenômeno, com apresentações em dezenas de cidades brasileiras, mais de 120 mil espectadores na plateia e todos os principais troféus das mais importantes premiações do gênero. O musical passou pelo Sesc Guarulhos, Pinheiros, Santos e Sorocaba.
Em uma das apresentações, a atriz e cantora Larissa Luz, que interpretava uma das “Elzas”, participou de uma ação digital do Sesc Sorocaba e perguntou ao rapper Emicida como tinha sido o encontro dele com Elza Soares. O rapper fala da magnitude da cantora, demonstra sua gratidão e destaca a importância de reverenciá-la. Assista ao depoimento.
“Uma mulher sofrida, vivida, gloriosa, vencedora”. Assim se definiu Elza Soares durante entrevista no Sesc Pinheiros.
Com saudades imensas, nos despedimos da “Mulher do fim do mundo” e esperamos que sua memória e suas vitórias se mantenham sempre vivas.
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