Danilo Santos de Miranda
Diretor Regional do Sesc São Paulo
Trabalhar pela efetiva integração das pessoas em situação de refúgio implica, antes de mais nada, conceber esse processo em chave recíproca. Isso quer dizer que a busca por incluir o outro, além de tornar favorável o seu ingresso e adaptação na sociedade que o acolhe, deve fomentar a permeabilidade e a capacidade de transformação dessa mesma sociedade. Ao receber novos grupos estrangeiros, com as respectivas práticas culturais e valores que seus membros trazem consigo, um país e as comunidades que o constituem têm a oportunidade de se reinventar, complexificando-se na medida em que ampliam seus vínculos sociais e afetivos.
Referimo-nos, contudo, a um caminho longo, que exige fôlego, persistência e solidariedade para ser pavimentado e percorrido, sendo traçado ao longo de décadas pela convergência de uma multiplicidade de ações mobilizadas junto aos refugiados que aqui chegam, tanto por governos como por diferentes segmentos da sociedade civil e por setores da iniciativa privada.
O Sesc São Paulo, por sua vez, desenvolve ações sistemáticas de integração com refugiados e solicitantes de refúgio desde 1995, ano da assinatura do convênio com a Cáritas Brasileira – Arquidiocesana de São Paulo – e com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR. Desde então, a instituição procura ensejar a assimilação de códigos e hábitos culturais locais por parte dos refugiados e, com o mesmo grau de importância, estimular o intercâmbio de experiências e saberes entre estrangeiros e brasileiros.
Dada a ênfase na ação cultural de base socioeducativa, o perfil de atuação do Sesc no Estado de São Paulo se coaduna com um tipo de abordagem que vê nos estrangeiros em situação de refúgio pessoas cujas condições existenciais extrapolam as suas vicissitudes. Ou seja, considera-as para além do que venham a ser as suas necessidades momentâneas – ainda que o apoio faça parte da ação –, valorizando e contribuindo para a reverberação de seus repertórios, capacidades e desejos, de modo que eles também possam povoar o nosso imaginário, enriquecendo-o e alargando suas fronteiras.
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