O conjunto de pinturas mural e lambe-lambe desenvolvido especialmente para as paredes do Sesc Mogi das Cruzes, na ocasião de sua abertura em novembro de 2021, conta com obras das artistas Laura Loli e Sheyla Ayo e dos artistas Edson Ikê e Fábio Menino, com a participação das artistas Lígia do Céu e Sarah Key. Seus trabalhos ocupam diversas paredes ao ar livre dos edifícios, compondo, junto com a arquitetura existente, um conjunto de obras desenvolvidas a partir das relações entre este ambiente e a poética individual de cada artista.
O título do projeto, Por outras cartografias, faz referência à uma das obras do geógrafo Milton Santos, intitulada Por uma outra globalização (2000), e remete aos diálogos que culminaram na seleção das e dos artistas, assim como nos trabalhos artísticos apresentados. Nessas conversas, o ato de cartografar foi problematizado a fim de imaginar outras formas de registrar visualmente o mundo e os nossos entornos, a partir do repertório cultural e pessoal de cada artista.
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Canoa
Edson Ikê
Técnica: lambe-lambe de desenho digital
Dimensão: 4,27 x 2,92 m
Localização: parede em frente à GMF
Em Canoa encontram-se representadas variadas personagens, advindas de diferentes matrizes étnicas e culturais. Com elas, confluem personagens de bichos anedóticos, em uma espécie de canoagem imaginária. O artista faz menção à canoa como um elemento marcante das tecnologias desenvolvidas pelos povos originários do território brasileiro, traçando também relações com o mapa fluvial que atravessa a cidade de Mogi das Cruzes. Instalada por meio da técnica de lambe-lambe, a obra se relaciona com o universo das artes gráficas, onde o artista desenvolve o maior conjunto de seu trabalho.
Edson Ikê
É ilustrador, designer gráfico e artista gráfico. Trabalha com diversas técnicas de ilustração diferentes, como a xilogravura, e buscar misturar esta arte milenar a peças de artes inovadoras e originais. Sempre atento ao processo de criação, Ikê busca o desenho como pensamento e inspiração para suas explorações pessoais em torno das artes visuais. Nos últimos 15 anos como profissional, desenvolve trabalhos encomendados para editoras, jornais, projetos educacionais, revistas e mercado independente musical, em todo o mundo. Ganhou relevantes prêmios e reconhecimentos ao longo de sua carreira.
à guisa de raízes
Artista: Laura Loli
Técnica: geotinta e tinta látex sobre parede
Dimensão: 28 x 3 m (aprox.)
Localização: paredes externas do depósito da infraestrutura
A pintura mural à guisa de raízes é feita a partir de tintas coloridas com diferentes amostras de terra, coletadas em Mogi das Cruzes. Sua composição é formada por imagens concebidas a partir de elementos encontrados na mata atlântica, como folhagens de samambaia-açu, raízes, galhos, troncos e seixos rolados. As curvaturas e os movimentos desse ambiente se evidenciam a partir de um jogo de contrastes, entre luz e sombra, e de harmonias de cor, fruto das pesquisas e dos estudos que a artista vem realizando ao longo dos últimos anos. A pintura ocupa as quatro faces de uma pequena casa dentro do Sesc Mogi, localizada nas proximidades de seu Centro de Educação Ambiental (CEA), com o qual estabelece alguns pontos de conexão.
Laura Loli
É artista visual, com formação em Design de moda e Arquitetura e urbanismo, ambos pela universidade FUMEC / BH. Nasceu nas serras de Belo Horizonte (1989) e vive na ilha de Florianópolis desde 2018. Desenvolve trabalhos de pintura em pequenos e grandes formatos, a partir de conceitos que investigam as condições limítrofes dos corpos, a impermanência, o pertencimento, os tempos paralelos e os ciclos da vida. Atualmente, se dedica a pesquisar as tintas elaboradas a partir de pigmentos naturais, especialmente minerais, passando pela sua obtenção, formas de uso e aplicação. Em 2021 participou das residências artísticas NaCasa e Kaaysá LAB. Além disso, esteve em exposições coletivas na Clóvis Galeria Café (2019) e Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais (2019) em Belo Horizonte, e individuais, no O Araçá (2019) e Espaço Caapora (2019) em Florianópolis. Conta ainda com a participação em festivais, como no TAU – Território de Arte Urbana (2019), também em Belo Horizonte.
Da série Objetos Funcionais
Artista: Fábio Menino
Técnica: tinta e resina acrílica sobre parede
Dimensão: 5,2 x 2,2 m (cada parede)
Localização: paredes externas dos vestiários
Objetos Funcionais é o título de uma série desenvolvida pelo artista desde 2018. Nela fica implícita uma ironia a respeito da suposta ausência de funcionalidade da arte, frente a escolha pela representação de objetos utilitários. Na justaposição desses objetos, advindos de diferentes contextos, reside a tensão de seu trabalho, presente no díptico realizado para o Sesc Mogi das Cruzes. Nele, objetos vinculados aos espaços dedicados à prática esportiva encontram-se lado a lado com instrumentos usados na limpeza, na manutenção e na construção desses lugares. A obra é decorrente de estudos que o artista realiza sobre as formas e cores de objetos vinculados ora à produção industrial para o consumo de massa, ora à produção popular e artesanal, ora à produção para o mercado de luxo.
Fábio Menino
Desenvolve um trabalho atualmente com a linguagem da pintura, pensando questões relacionadas ao cotidiano, ao consumo, a questões econômicas e suas relações sociais, e como estas questões podem se relacionar com a própria pintura. Tem um interesse na forma, nos significados e pela carga simbólica que objetos à nossa volta podem carregar, e que acaba servindo de motivos para as pinturas. Já trabalhou como assistente dos artistas Paulo Nimer Pj, Hildebrando de Castro e Stephan Doitschinoff. Expõe desde 2015 e participou de mostras e salões como o 15º Salão Nacional de Arte de Jataí, 45º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, Mostra de Arte da Juventude no Sesc Ribeirão Preto, 44º Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional (SARP) e Casa Carioca no Museu de Arte do Rio (MAR).
Da série Vazante
Artista: Sheyla Ayo, com Ligia do Céu e Sarah Key
Técnica: tinta de piso sobre parede
Dimensão: 60 x 3,5 m (aprox.)
Localização: muro do campo
Nas linhas tortuosas de Vazante aparecem fluxos delineados pelas formas fluidas da água. A representação desse elemento, primordial à vida, vincula-se a sabedorias ancestrais, relacionadas a experiências pessoais e religiosas da artista. Nos traços, por vezes mais finos ou mais grossos, mais ou menos delineados, revelam-se as inconstâncias dos cursos da vida. Já os volumes inundados de tinta adquirem um peso que parece solicitar a vazão. Do centro da obra irradiam-se fluxos em distintas direções, as nascentes, e, assim, a artista escoa. Essa obra foi elaborada também a partir da arquitetura do Sesc Mogi das Cruzes, em colaboração com Lígia do Céu e Sarah Key, artistas da cidade selecionadas por Sheyla Ayo.
Sheyla Ayo
Arte-educadora, fotógrafa, ilustradora. A artista visual é formada em Artes visuais (2009), com Pós-Graduação em História da Arte na PUC – SP. Tem em seu currículo trabalhos nos quais utiliza a linguagem pictórica, mesclando com performances. Sua pesquisa aponta elementos da natureza, do universo feminino, de sua ancestralidade afro-ameríndia, com temas que lidam com terapia, autoconhecimento e religião. A artista propõe leituras diversas sobre a investigação da linha e do desenho, do corpo feminino e da água, trazendo poesias visuais a partir de pinturas aquareladas. Participou de exposições e coletivos ao longo de sua carreira, com início em 2008.
Lígia do Céu
Artista visual, arte-educadora e bacharelanda em Artes Visuais pela Centro Universitário Belas Artes. Trabalha com arte-educação desde 2015 e serigrafia desde 2018. Em 2020 participou da MOVI.AR- Mostra Virtual de Arte, promovida pela Secretaria de Cultura e Turismo de Mogi das Cruzes. Participou do Festival Multicutural D’escambô expondo seus desenhos autorais, em 2021 ganhou prêmio na categoria Conteúdos Virtuais pela Lei Aldir Blanc por sua participação no MOVI.AR.
Sarah Key
Mulher indígena, 34 anos. Mogiana. Mc e atuante no movimento hip-hop. Pelo seu reconhecimento no movimento, foi homenageada pela UNEGRO no Quinto Prêmio das Três rodas de resistência negra e indígena no Brasil. Produtora cultural e arte educadora. Brincante e pesquisadora das culturas regionais. Batuqueira curiosa das rodas de samba! Encantada pelas artes circenses, faz rima com as bolinhas para cima. Artista plástica e empreendedora independente. Co-criadora da marca @_passarah_, onde traz suas ilustrações e poesias autorais, antes feitas a mão, agora em um novo processo, trazendo a opção silkada. Em 2020 participou das duas edições do MOVI.AR- Mostra Virtual de Arte, promovido pela secretaria de Cultura e Turismo de Mogi das Cruzes. Também participou do Festival Multicultural D’escambô, representando as mulheres no Sarau hip-hop. Participou do Festival “Cantos e Quintais”, produziu um mini painel para o projeto “Cenografias, Cenários e Devoção”, todos financiados com recurso Lei Aldir Blanc. Filha da Terra, transmuta sua luta em arte, força, coragem e um pouco de sorte.
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