De 19/11 até 11/02 o Sesc Taubaté exibe 30 serigrafias do artista plástico Carybé, que originalmente ilustraram o livro O Compadre de Ogum, de Jorge Amado
Dono de traços simples que revelam expressões e movimento nas cores vibrantes de suas obras, Carybé foi um dos homens que incorporou a missão de apresentar a cultura popular ao universo erudito, aplicando seu talento no registro de cenas cotidianas características do Brasil.
O mais baiano dos argentinos
Hector Julio Páride Bernabó nasceu na Argentina, em 1911. Quando tinha apenas 8 meses seus pais se mudaram para a Itália. Ainda na infância, aos 9 anos de idade, a família fixou-se no Rio de Janeiro onde ele ganhou o apelido de Carybé, que o acompanhou por toda a vida, assim como as artes plásticas e a paixão pelo Brasil.
Somente depois de formado pela Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro o artista foi conhecer seu país natal, onde viveu por alguns anos até conseguir o que ele chamou de trabalho dos sonhos: viajar a bordo de um navio registrando cenas do Brasil em pinturas que eram vendidas para jornais.
Na Bahia ele se encontrou como pessoa e como artista, retratando as cenas do dia-a-dia, a cultura local e principalmente a iconografia do candomblé. Carybé foi iniciado na religião numa época em que seu culto era ainda extremamente perseguido e desconhecido em sua essência.
Entre palavras e traços
Carybé criou em diversos suportes e formatos. O que é explorado na exposição O Compadre de Ogum, no Sesc Taubaté, é o seu trabalho em conexão com a literatura. “Quando o chamavam para fazer uma ilustração de livro, fosse um Jorge Amado, fosse um Macunaíma, o desenho para ele era uma escrita, então ele captava a história e complementava, muitas vezes com o seu humor, através da ilustração”, afirmou a museóloga Sylvia Atayde em um especial da TV Brasil sobre o artista.
A obra de Carybé constitui uma apresentação da estética do candomblé para o próprio Brasil, assim como Jorge Amado fez na literatura. Não por acaso, os dois eram amigos e é o fruto de uma das parcerias profissionais entre Carybé e Jorge Amado que estará em exibição no Sesc Taubaté.
O Compadre de Ogum é a segunda parte do romance Os Pastores da Noite, publicado em 1964. Em 1995 o texto ganhou uma adaptação para a TV e, desde então, passou a ter publicação independente, com capa e ilustrações de Carybé. Essas ilustrações deram origem a 31 telas serigrafadas, das quais 30 estarão pela primeira vez no interior de São Paulo, depois de uma temporada em exibição no Sesc Bom Retiro.
A itinerância da mostra é uma realização do Arte Sesc, projeto de circulação cultural criado em 1981 pelo Departamento Nacional do Sesc com o objetivo de promover o intercâmbio cultural e democratizar o acesso de diferentes públicos à produção artística do país. Após a passagem por Taubaté, a exposição segue para o Sesc Catanduva, que encerrará esta etapa do projeto.
A visitação será gratuita e acontecerá de terça a sexta, das 8h às 21h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. O agendamento de grupos para visita monitorada pode ser feito pelo e-mail exposicao@taubate.sescsp.org.br ou pelo telefone: (12) 3634 4000.
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