MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto

02/11/2020

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MARP  |  Museu de Arte de Ribeirão Preto
Rua Barão do Amazonas, 323, Centro | (16) 3635.2421
De terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h*
*exceto feriados e pontos facultativos.
https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/marp

O Museu de Arte de Ribeirão Preto ocupa um prédio construído em 1908 para ser a sede da Sociedade Recreativa. Ao ser inaugurado ele situava-se ao fundo do Teatro Carlos Gomes reforçando as transformações culturais sofridas pelo antigo Largo da Matriz desde a última década do século dezenove. Sua construção foi financiada pelos fundos arrecadados entre os sócios da sociedade que desejavam ter uma sede social para a realização de bailes, encontros e conferências. O edifício é mais um exemplar da arquitetura eclética de Ribeirão Preto, bastante utilizada pela elite cafeeira durante a Primeira República.

Edifício da Sociedade Recreativa, atual MARP – 1920. Crédito: Fulanodetal/Acervo

O prédio possui dois pavimentos tendo um grande salão no piso superior, as suas fachadas apresentam inúmeros elementos decorativos, especialmente, na platibanda. As pilastras finas de ferro que estruturam a varanda junto com o gradil e o guarda corpo são exemplos do uso de novos materiais construtivos, muitas vezes, importados da Europa e enviados a cidade pela ferrovia da Cia. Mogiana. O edifício também inaugurava um novo modelo de implantação no terreno com recuos ao alinhamento das ruas frontais e laterais, o que abria espaço para o cultivo dos jardins que abraçam o prédio. 

O projeto do edifício é de autoria do arquiteto Affonso Garibello e a construção da obra foi realizada pelo construtor Vicente Lo Giudice. Affonso Garibello, ao que parece, era diplomado pela Escola Politécnica de São Paulo, já Vicente LoGiudice pertencia ao grupo de construtores imigrantes que deixaram um enorme legado na cultura material da cidade. O prédio é um dos exemplos deste legado, como pode ser observado na sua fachada, mas também na estrutura e, principalmente, na forma de se construir, uma vez que o edifício se insere no período de substituição da técnica construtiva de taipa pela alvenaria de tijolos de barro cozido. 

Assim, vale ressaltar uma autoria compartilhada do edifício uma vez que era comum que os profissionais diplomados elaborassem e assinassem a planta pela necessidade de sua aprovação na prefeitura, embora inúmeras decisões fossem tomadas pelo próprio construtor no canteiro de obras. Vicente Lo Giudice, imigrante italiano, era um construtor bastante requisitado na cidade, aparecendo tanto no jornal Fanfulha de 1906 quanto no Almanach Ilustrado de 1913. Vicente, portanto, foi um dos personagens que trouxeram para Ribeirão Preto a tradição artesã dos fachadistas, marmoraristas e escultores italianos. E os modelos dos detalhes da fachada do MARP também podem ser vistos nas casas da Vila Tibério e dos Campos Elísios.

Em 1924, após a compra de um terreno vizinho, ocorre uma primeira ampliação do prédio que enquanto sede da Sociedade Recreativa ainda recebe outras adaptações para atender as exigências dos sócios. Porém, em 1945 o Conselho Deliberativo da Sociedade Recreativa aprova a construção de uma nova sede em substituição ao antigo prédio que seria demolido por não estar adequado aos novos modelos arquitetônicos dos anos 50. Todavia, a demolição não acontece e, em 1956, a antiga sede da Sociedade Recreativa é reformada pela prefeitura para abrigar a Câmara Municipal de Ribeirão Preto, que vinha funcionando desde 1917 no Palácio Rio Branco. 

MARP

No piso térreo são instaladas as salas das comissões, secretaria e presidência, e o piso superior passa a abrigar as sessões realizadas pelos vereadores. Assim, o edifício terá essa função até 1984, quando a Câmara Municipal muda de lugar mais uma vez. Depois de uma segunda grande reforma e restauro, o prédio será inaugurado em 1992 como sede do MARP – Museu de Arte de Ribeirão Preto, que passa a resguardar o acervo de artes plásticas do município.

O acervo artístico tem foco na produção regional, embora possua obras importantes de arte moderna e contemporânea brasileira e internacional, como obras do argentino Leon Ferrari, e os brasileiros Alex Flemming, Rosangela Rennò e Ana Maria Tavares. Destes artistas não regionais destaca-se um conjunto de obras modernistas, entre elas a escultura Maternidade do artista Lasar Segall. Dos artistas nascidos na região, o museu possui um acervo de mais de mil obras realizadas a partir do pós-guerra, entre eles destaca-se o conjunto dos “cinco históricos”, ou seja, o grupo de artistas plásticos ribeirão-pretanos que tiveram bastante impacto nos anos 70 e 80, como Odilla Mestriner, Bassano Vaccarini e Domenico Lazzarini.

Muitas dessas obras foram adquiridas no Salão de Arte de Ribeirão Preto e no Salão Brasileiro de Belas Artes antes do museu existir. Após a sua criação, todavia, ele buscou construir um perfil voltado à arte contemporânea e regional. Além disso, o museu já realizou diversas parcerias com outras instituições para a montagem de exposições temporárias como a de Alfrado Volpi, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Lasar Segall entre outros. Em 2008 o edifício do MARP foi tombado pelo Conppac-RP (Conselho de Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural de Ribeirão Preto), mas o proprietário do edifício ainda é uma empresa de telefonia.
 

CONHEÇA OUTROS PONTOS DE INTERESSE NOS ARREDORES

200M – QUARTEIRÃO PAULISTA
100M – PRAÇA QUINZE DE NOVEMBRO
150M – BIBLIOTECA SINHÁ JUNQUEIRA
EM FRENTE – PRAÇA CARLOS GOMES

O PROJETO
O projeto Que lugar é esse? foi desenvolvido pelo programa de Turismo Social do SESC Ribeirão Preto. Através deste site, ou dos QRCodes espalhados por 12 pontos históricos da cidade, você poderá acessar conteúdos produzidos por historiadores e acessíveis por vídeo com tradução em libras ou narração.

Nosso desafio é ajudar a abrir uma janela que permita um olhar diferente. Um olhar que revele outras facetas de uma cidade composta de múltiplas temporalidades e muitas histórias.

Dessa forma, buscamos valorizar o patrimônio histórico de Ribeirão Preto, proporcionar acesso a bens culturais, ampliar o repertório cultural dos participantes e contribuir na qualificação do debate público.

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