Mostra de espetáculos do Parlapatões no Sesc Belenzinho

14/04/2022

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Celebrando 30 anos de história do Parlapatões, o Sesc Belenzinho traz a Mostra Parlapatões, com seis espetáculos de diferentes repertórios e períodos de um dos mais importantes grupos teatrais da cidade.

Criado em 1991, em São Paulo, os Parlapatões possuem extenso trabalho com comédia, circo e teatro de palco e de rua. Além de seus espetáculos, mantêm o seu teatro, o Espaço Parlapatões, considerado um marco na revitalização do centro paulistano e o Galpão Parlapatões, centro de ensaios, treinamento e cursos geridos pelo grupo.

Integram a mostra Prego na testa (2005), solo de Hugo Possolo adaptado de Pounding Nails in the Floor with My Forehead, do dramaturgo norte-americano Eric Bogosian; PPP@wllmshkspr.BR (1998), encenação cômica criada a partir do texto “The Complet Works of William Shakespeare – Abridged” dos atores americanos Adam Long, Jess Borgeson e Daniel Singe; Os Mequetrefe (2015), história de quatro palhaços inspirada na obra do ilustrador e poeta inglês Edward Lear, que criou o termo nonsense; A cabeça de Yorick (2018), peça inspi­rada na única cena cômica de “Hamlet”, uma das mais famosas tragédias de William Shakespeare; Até que deus é um ventilador de teto (2015), que trata com humor a crise de um homem que se vê tomado por compromissos e vivendo uma situação limite de perigo; O bricabraque (2004), solo cômico e cheio de improvisos de Raul Barretto.

As apresentações ocorrem nos dias 29 e 30 de abril, e dias 1º, 27, 28 e 29 de maio de 2022, sextas e sábados, às 20h e domingos às 18h, no teatro da unidade.

Confira a seguir um pouco mais sobre cada espetáculo!


Prego na Testa

Hugo Possolo vive nove personagens urbanos cujo humor nasce de seu próprio desespero. Mais de um tema cerca a vida destes personagens multifacetados, vistos sobre o olhar cáustico de um autor inquieto e provocador. Bogosian aponta em seu texto para a sensação de impotência dos seres humanos diante da realidade das grandes cidades.

Seu título original, Pounding Nails in the Floor with My Forehead, em português ganhou a expressão que faz jogo com o duplo sentido de ameaçar o crânio por um prego ou de que ele já esteja fincado em uma mente perturbada. O autor, mestre em expor o ridículo da neurose urbana, desenha aqui vários tipos que vão do esquisito ao hilariante, sempre instigando a platéia a reações que vão da gargalhada à angústia.

A tradução e adaptação de Aimar Labaki, além de situar aspectos da realidade brasileira, reordena condições de ritmo e síntese a serviço da força poética de cada cena, inserindo os personagens em contextos mais determinados, o que consolida o elo entre eles e deixa espaço para a interpretação fluir.

A montagem traz o texto de Eric Bogosian (Suburbia e Talk Radio) com tradução, adaptação e direção do dramaturgo Aimar Labaki e interpretação de Hugo Possolo.

PPP@wllmshkspr.BR

O espetáculo é uma sátira sobre a obra completa de William Shakespeare. Mesmo com o predomínio da popularíssima peça Romeu e Julieta e com grande parte dedicada aquela que é considerada a maior obra da dramaturgia ocidental, Hamlet, no espetáculo estão agrupadas, em diferentes abordagens, todos os trabalhos para o palco escritos por Shakespeare.

Assim, as peças históricas com sangrentos embates por reinos, coroas e poder são comparadas a uma disputada partida de futebol; os versos de Otelo surgem na forma de um rap; e as comédias são condensadas em uma única encenação absurda, que faz sátira ao teatro de animação.

Uma montagem festiva, cômica e alegre, em uma encenação foi criada a partir do texto “The Complet Works of William Shakespeare – Abridged” dos atores americanos Adam Long, Jess Borgeson e Daniel Singer, com tradução de Barbara Heliodora e direção de Emílio Di Biasi.

Os Mequetrefe

Com roteiro de Hugo Possolo e direção de Alvaro Assad, a montagem traz quatro palhaços vivendo um dia de total nonsense.

No espetáculo, quatro palhaços que, não por acaso, se chamam Dias, vivem a jornada de um longo e divertido dia. Do despertar à hora de ir dormir, revelam como a desconstrução da lógica cotidiana pode abrir espaço para outras maneiras de encarar a vida. Vivendo situações bem comuns esses cidadãos nada comuns provocam uma série de confusões tão hilárias quanto poéticas.

A inspiração de Os Mequeterefe foi a obra do inglês Edward Lear, ilustrador e poeta inglês, que criou o termo nonsense. Os Parlapatões convidaram o diretor Alvaro Assad, da carioca Cia. Etc e Tal e que dirigiu A Noite dos Palhaços Mudos (Cia. La Mínima) para dirigir o roteiro elaborado por Hugo Possolo, visando promover um intercâmbio artístico entre dois grupos que trabalham o cômico em vertentes diferentes, a mímica e a palhaçaria.

A cabeça de Yorick

Na mais famosa tragédia de Shakespeare, Hamlet, a única cena cômica é a dos coveiros. Hamlet empunha caveiras nas mãos e se depara com a de Yorick, que foi o bobo da corte e alegrou sua infância. A imagem que mais representa a tragédia do velho bardo é a de Hamlet com a caveira erguida. Ou seja, o momento da tragédia que ficou imortalizado no imaginário é exatamente aquele no qual a comédia está destacada pela tragédia. Neste espetáculo, os palhaços buscam uma inversão, levantando imagens trágicas dentro do ambiente cômico.

Em diferentes quadros da peça, que têm uma sutil ligação entre si, os três palhaços se vêm diante da perda e da finitude para buscar saídas, cujo ângulo de visão busca fugir do trágico ou que, ao menos, contenha alguma esperança. Os três circulam em variadas abordagens como a de uma palestra motivacional sobre a vida eterna até outro quadro que traz um compêndio de diferentes maneiras de se suicidar. Em outro quadro, um palhaço se surpreende pelo encontro com o corpo de outro palhaço morto, descrevendo todas as suas impressões tragicômicas levadas ao absurdo da compreensão cômica sobre a vida.

O público participa, feito por jogo de improviso, dando ideias sobre como a inversão dos ícones básicos da tragédia podem ser vistos, revistos e anarquizados pela comédia. O roteiro e direção são de Hugo Possolo.

Até que Deus é um Ventilador de Teto

A história de um jornalista de cinquenta anos, um redator, que de dentro de seu carro imagina que um velho senhor, vendedor de balas no semáforo, possa ser um deus que desceu à terra para observar a vida dos homens. Ele é sequestrado e tem como vigia o tal velho que já conhecia da rua. Suas reflexões revelam a relação deste homem com o mundo, com sua mulher e seu filho. Trata com humor a crise de um homem que se vê tomado por compromissos e vivendo uma situação limite de perigo e que pode colocar a sua vida em perspectiva.

A encenação foge do descritivo e abre espaço para o poder simbólico das imagens. O texto gira em torno de como o medo integra a vida dos brasileiros que, cercados pela violência e todo o imaginário que ela carrega, mudam suas relações, gerando preconceitos e dificultando aproximações mais humanas.

Para a montagem, os Parlapatões convidaram o diretor Pedro Granato buscando uma linguagem intensa e contemporânea, que coloca a poesia do texto para dialogar com o público, trazendo uma plasticidade que revela os incômodos e prisões cotidianas de uma pessoa de classe média de uma grande cidade.

O Bricabraque

O espetáculo traz o parlapatão Raul Barretto em um solo cômico recheado de jogos de improviso. A tônica da montagem de O Bricabraque é o envolvimento da personagem central com as crianças. Logo na entrada do teatro, sala do leiloeiro de um mercadão das pulgas, o público recebe um dinheiro de brinquedo, o Cabraquês, que permite um dos jogos entre o ator e as crianças. A partir daí, ele oferece a tal história que promete juntar aventura, mistério, romance e tudo mais o que a platéia pedir.

Bricabraque é um palhaço em outros trajes que dialoga da mesma forma que as crianças, sem separar o passado, o presente e o futuro.

No dicionário, Bricabraque é um vendedor de bugigangas. O Bricabraque de nossa história é um vendedor atrapalhado, que confunde o que narra com o que está acontecendo. Ele vende tudo. Em geral, coisas muito antigas: relógios de sol, bules astecas, vitrolas, enfim, o que aparecer na sua frente ele passa nos cobres. A única velharia que não vende de jeito nenhum é um anel que ganhou de sua mãe, antes dela morrer.

Ele se envolve em uma série de confusões por causa de uma pulga chamada Gala. Apesar de muito atrevida e irreverente ela demonstra gostar muito de Bricabraque que sempre a recusa. Gala não é uma pulga qualquer, pois, além de falar, tem uma força descomunal. A raiva que Bricabraque nutre pelo pequeno e incômodo inseto desaparece quando ela consegue para ambos um emprego em um Circo.


Datas das apresentações:

29/04 – Prego na Testa
30/04 – PPP@wllmshkspr.BR
01/05 – Os Mequetrefe
27/05 – A Cabeça de Yorick (2018)
28/05 – Até que Deus é um Ventilador de Teto (2015)
29/05 – O Bricabraque (2004)

Clique aqui e saiba mais sobre a Mostra!

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