As Mulheres do GAU (Grupo de Agricultura Urbana) são mulheres imigrantes nordestinas que trabalham como agricultoras no Viveiro Escola União de Vila Nova, em São Miguel Paulista. Elas trabalham para manutenção de um viveiro escola, por meio do plantio, cultivo, colheita e manejo agroflorestal. O grupo também serve cafés e almoços em eventos em diversos locais da cidade. Na entrevista, Flávia Franco, agente de educação ambiental do Sesc Itaquera, conversa com Helena, Joelma e Leia que integram a iniciativa.
Helena nos conta sobre a formação do grupo. Durante um processo formativo, organizado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), parte das integrantes se conheceram. Após uma conversa com direito a chá de ervas plantadas no Viveiro, elas decidiram se unir. Helena também relata que, além do trabalho ser gratificante, ela não precisa gastar horas de deslocamento, como normalmente ocorre com os trabalhadores da região: “[…] aqui é o meu paraíso, porque é logo a floresta, e tem de tudo aqui, tanto de horta com ervas medicinais como bananais. De tudo tem um pouquinho no espaço, pequeno, mas é muito rico e muito proveitoso para nós, Mulheres do GAU. E do outro lado foi bom também, porque sair daqui, de São Miguel Paulista, para ir pra cidade, para outro bairro para trabalhar, pegar trem cedo, ônibus lotado, é difícil. Meu transporte é uma bicicleta para vir para cá, e nosso custo, nós tiramos daqui”.
Já Joelma explica sobre a organização do trabalho do grupo, que é dividido em duas frentes: a cozinha e a horta. A primeira tem relação com eventos. As Mulheres do GAU organizavam coffee breaks com os produtos da horta, porém, com a pandemia, essa frente passou por mudanças, já que esses encontros estavam impedidos de acontecer. Durante esse período, elas se envolveram em ações solidárias, como a produção de marmitas para organizações do entorno.
A horta é a frente que Joelma escolheu para trabalhar. Vinda de uma família de agricultores, ela adora mexer com a terra e tem apego sentimental com essa função, pois acredita no potencial da agricultura familiar nas periferias da cidade: “[…] é muito bom, até, para a comunidade mesmo; ontem mesmo veio uma senhorinha aqui, ela foi um amor de pessoa, mora aqui nos prédios daqui, e ela disse que ficava olhando da janela do apartamento dela doidinha para vir aqui, mas não sabia que podia entrar, achava que era particular. Ela veio, comprou hortaliça, passeou aqui comigo. Eu acho que esse projeto tem que expandir mais, ter mais pessoas focadas para que a agricultura chegue a mais pessoas, que é a alimentação saudável. E acho que é na parte mais periférica, mais nas periferias daqui de São Paulo, que precisa muito ter um cantinho que nem esse para as pessoas da população, até mesmo para a educação ambiental”.
Por fim, Leia fala da mudança em sua vida após entrar no grupo. Depois do nascimento de sua filha, Maria Eduarda, estava apreensiva em retornar ao mercado de trabalho até que conheceu o Viveiro, que fica ao lado de sua casa. Ela trabalha na horta e também faz as funções administrativas. Leia afirma que é um privilégio fazer parte das Mulheres do GAU, além da geração de renda, há contribuições para sua saúde mental, física e para o bem-estar de sua filha: “[…] é um instrumento de saúde física e mental. […] Quem dera que toda mãe pudesse ver os seus filhos vivendo uma vida natural, mexendo na terra, se sujando. Eu tenho o maior prazer de pegar a roupa dela e lavar cheia de barro porque eu sei que é uma coisa saudável, ao invés de ela estar brincando só com celular, só em redes sociais.”
Na entrevista completa, disponível em áudio e em texto, Helena, Joelma e Leia contam mais sobre o processo de produção, os produtos comercializados e a manutenção da horta em um ambiente urbano e periférico, relatam também sobre como a participação no grupo mudaram suas vidas.
A entrevista integra a programação do Ideias e Ações para um Novo Tempo. Desde 2016, as unidades do Sesc São Paulo mapeiam em seus territórios iniciativas socioambientais voltadas ao desenvolvimento local e que tenham, entre outros atributos, potencial educativo e práticas de respeito ao ambiente e à diversidade cultural. Estas iniciativas participam junto com o Sesc SP na realização de ações educativas e de espaços de encontro para a troca de conhecimentos e saberes.
A entrevista está disponível em áudio ou em texto.
Leia a entrevista na íntegra:
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Conheça outras ações do projeto Ideias e Ações para um Novo Tempo em sescsp.org.br/ideiaseacoes
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