Música em grupo sim, mas cada um da sua casa!

04/05/2020

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de longe também se ama

quem não pode amar de perto


A partir da música “A rosa também se muda”, os educadores do Centro de Música do Sesc Consolação – Bob Souza, Pedro Beviláqua, Sheila Muharovschi e Solange Assumpção – propuseram uma ação em conjunto para envolver os alunos e o público das redes.

Cada educador, de sua casa, tocou e cantou o baião de tradição popular nordestina, formando uma banda virtual. A ideia foi estimular a produção musical com outras pessoas, mesmo que a distância, inspirados por um princípio fundamental do Centro de Música do Sesc: a prática musical conjunta. Alunos e ex-alunos puderam matar as saudades e mesmo quem não os conhecia teve a chance de participar do exercício musical.

Acompanhe a letra:

A rosa também se muda
do campo para o deserto
de longe também se ama
quem não pode amar de perto
Se ela muda
não se pode imaginar
Imagina, tinha medo,
quem tem medo não vai lá
Se numa lógica
amanhã também tem dia
ergue o corpo, feche os braços
pra ser minha companhia.

E acesse aqui a partitura.


Para essa produção em conjunto foram elaborados vídeos detalhando cada aspecto musical de “A rosa também se muda”: canto, ritmo, percussão corporal e violão, feitos pelos educadores do Centro de Música, além de edição e mixagem de vídeo, por Mauricio Perez, educador do Espaço de Tecnologias e Artes do Sesc Consolação. Assista a cada um a seguir:

CANTO

A educação musical considera o canto, a voz e o corpo como fundamentais no aprendizado. Tomando como referência a primeira parte da melodia de “A rosa também se muda”, a educadora Solange apresenta uma ferramenta pedagógica para se aprender uma melodia: o manossolfa, que colabora na internalização das alturas, auxiliando no desenvolvimento da percepção musical, e que pode também ser utilizado para cantar a mais de uma voz, colaborando com a percepção harmônica.

O manossolfa é a forma gestual das mãos de indicar as funções melódicas e/ou alturas por relação intervalar entre as notas

RITMO

O educador Pedro explica alguns conceitos básicos de teoria rítmica, como unidade de tempo, divisão (contratempo), subdivisão e compasso – e como, a partir desses conceitos, entender as funções da zabumba e do triângulo no baião, gênero musical originário da região Nordeste do Brasil.

VIOLÃO

Você sabia que existem diferentes formas de tocar um acompanhamento ao violão? O educador Bob detalha como acompanhar ao violão “A rosa também se muda” com diferentes usos de acordes e dedilhados. Ele demonstra  possíveis usos de acordes naturais e com sexta e nona – neste caso, formados com o uso de pestanas. Bob também sugere, como acompanhamento da mão direita (para destros), tipos diferentes de batidas, como o rasqueado e, também puxando as cordas simultaneamente, semelhante à batida da bossa nova.
 

PERCUSSÃO CORPORAL

A educadora Sheila mostra que o corpo é nosso primeiro instrumento musical e fonte inesgotável de possibilidades sonoras, seja cantando uma melodia, seja reproduzindo ritmos ao bater palmas, pés, ou emitindo sons diversos com a boca. Em várias culturas a percussão corporal é utilizada em danças, rituais e como forma de identidade. Sheila estimula a exploração deste universo sonoro tão rico e ao mesmo tempo acessível, brincando e experimentando. Ela ainda apresenta a célula rítmica característica do baião, presente na canção trabalhada pelo grupo de educadores, oferecendo a chance de o público experimentar novos sons.
 

EDIÇÃO

Para finalizar a série de vídeos sobre “A rosa também se muda”, o educador de tecnologias e artes e músico Maurício demonstra o processo de criação utilizando softwares livres de edição de áudio e vídeo. Esse processo possibilitou continuarmos a fazer música coletivamente, mesmo distantes. A composição musical sobreposta que ele cria está baseada em uma prática comum em estúdios de produção sonora desde a década de 60, quando ainda gravava-se em fitas magnéticas, e baseia-se na junção de camadas de trilhas de áudios e, no caso, também de vídeos. Esta prática de sobreposição de camadas é também chamada overdub.

 

Sobre os educadores

Solange Assumpção é educadora musical e regente coral. Mestre em Música pela UNESP, desenvolvendo pesquisa sobre o Canto Coral na Educação Musical, sob a orientação de Martha Herr; estudos de Regência com Abel Rocha e Naomi Munakata. Certificada em Somatic Voicework (níveis 1, 2 e 3). Em 2017, participou do 11 th Symposium on Choral Music em Barcelona.  Foi professora da EMESP e da FASCS. Desde 2002, é membro da equipe de educadores do Centro de Música do Sesc. Conduz o Grupo Madrigueiros desde a sua criação em 2010.

Pedro Beviláqua iniciou-se na Escola Municipal de Música de São Paulo e é bacharel pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (IA-UNESP). Foi primeiro violoncelo da Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, Orquestra de Câmara da USP e Orquestra Arte Barroca. Hoje desenvolve a música popular no violoncelo com o grupo Cello Choro. Como educador musical, atuou no Projeto GURI e nas escolas Rudolf Steiner e Manacá. Desde 2014, leciona música para crianças e adultos no Centro de Música do Sesc Consolação.


Bob Souza é doutor em Musicologia e Interdisciplinaridade pela Unesp, mestre em Educação Arte e História da Cultura pelo Mackenzie, especialista em Estruturação Musical pela Faculdade de Música Carlos Gomes e bacharel em contrabaixo acústico pelo Centro Universitário FIAM-FAAM, com curso de extensão em Jazz e improvisação pela Universidade de Louisville (KY). É autor do livro “A canção infantil urbana, dos processos criativos à sala de aula”. Atualmente é professor do Centro de Música do Sesc Consolação e do Centro Universitário FMU-FIAM-FAAM.

Sheila de Souza Ferreira Murahovschi é educadora Musical Licenciada em Música pela Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP. Formação em Terapia Corporal pelo Instituto Neo-Reichiano Lumen.  Integra a equipe do Centro de Música do Sesc Consolação desde 1998 nas áreas de voz e Musicalização, foi preparadora vocal do elenco do Centro de Pesquisa Teatral – CPT, dirigido por Antunes Filho. Compositora de obras no Manual “Canto, Canção, Cantoria” de Gisele Cruz Sesc (1997). Integra os Grupos Vocais “La Once” (Octeto Vocal Feminino), Rock’N’Voice (Sexteto Vocal) e Cantadeiras como Regente e Voz.

Maurício Perez é mestre e doutorando em Sonologia: criação e produção sonora pelo programa de pós-graduação em música da ECA-USP. Desenvolve pesquisa com temática sobre o uso de interfaces na composição musical contemporânea. É educador do Espaço de Tecnologias e Artes e do Estúdio de Produção Sonora do Centro de Música do Sesc Consolação. Ministra cursos e laboratórios envolvendo o uso de tecnologias analógicas e digitais na criação musical.

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