Foto: Samya Oliveira
Por Equipe do Programa Espaço de Brincar do Sesc 24 de Maio
Localizado no centro de São Paulo, o Sesc 24 de Maio é um lugar onde a diversidade de corpos, infâncias e contextos sociais, é uma realidade. Este é um fato que nós, educadores do Espaço de Brincar, valorizamos e que fundamenta e orienta nosso trabalho. Para o tema, negritude e educação infantil, nosso desejo é refletir sobre a importância de que essa diversidade também esteja presente entre os profissionais que atuam com a primeira infância. Outro aspecto fundamental é a atenção aos cuidados e autocuidados praticados por esses profissionais.
Para nos auxiliar nesta reflexão, solicitamos a duas convidadas – Ivy de Lima e Solange Miranda – que elaborassem um texto sobre suas experiências como mulheres negras atuantes na educação infantil.
Em seu artigo, Ivy nos conta sobre os referenciais de ancestralidade negra presentes em suas ações educativas, tendo como ponto de partida corpos negros ocupando papéis de referência em espaços educacionais para a primeira infância, com vistas à criação de vínculos, redes de apoio e cuidado com os educadores.
Solange, por sua vez, fala sobre como a representatividade é essencial na educação infantil e favorece o reconhecimento de suas próprias identidades. Ressalta a importância dos cuidados provenientes da comunidade educativa e também a prática do auto cuidado pelos educadores e educadoras negras, principalmente em tempos de isolamento social quando o trabalho acontece à distância.
Com estes materiais, temos oportunidade de apreciar as características particulares da experiência de cada uma dessas profissionais, que permite uma reflexão sobre como operam as questões de representatividade, construção de identidade, rede de apoio e autocuidado dos educadores em espaços formais e não formais de educação.
De formas distintas, mas complementares, os textos de Ivy e Sol falam do caráter político que ações de fortalecimento da identidade negra possuem dentro do ambiente educacional. Estas ações demandam esforços que fazem com que práticas de cuidado específicas para educadores negros sejam necessárias. Em grupo ou individualmente, é necessário estar atento à saúde psíquica destes profissionais. Com a leitura destes textos, acreditamos que é possível refletir onde e como estão as práticas de cuidado com o educador negro dentro do ambiente educacional que frequentamos e, assim, buscarmos aperfeiçoar estas ações dentro de nossas redes.
Em tempos de isolamento e pandemia, torna-se necessário fortalecer ainda mais as ações de cuidados com o corpo e também com a mente, para garantir, assim, a integridade dos educadores. Neste sentido, as redes de apoio podem colaborar para a manutenção dos vínculos afetivos e criar novas perspectivas para um futuro próximo.
Ivy de Lima é fundadora e coordenadora da Cia Alcina da Palavra, que realiza oficinas e mediações lúdicas em espaços culturais. Suas principais referências são a cultura popular e afro-brasileira. A Cia Alcina da Palavra se dedica à pesquisa e divulgação dessas manifestações e se propõe a estimular o contato com a diversidade.
Solange Miranda atualmente é professora da EMEI Nelson Mandela. Sua experiência e resistência como profissional da educação formal há mais de quinze anos se fez na construção de sua identidade como mulher, negra e educadora.
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