Novo trabalho de Gerald Thomas estreia no Sesc Consolação

14/07/2022

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Espetáculo livremente inspirado em “Doroteia”, farsa irresponsável de Nelson Rodrigues, e tendo como cruzamento o famoso trabalho de Marcel Duchamp “O Nu Descendo a Escada” e a obra “No Vento e na Terra I”, de Iberê Camargo, “F.E.T.O. (Estudos de Doroteia Nua Descendo a Escada)” estreia em 27 de julho, no Sesc Consolação

Com uma habilidade genial para ironizar e satirizar os desvios comportamentais da sociedade, Nelson Rodrigues criou um teatro único e universal que vem atravessando décadas com a mesma vitalidade. A trama da sua peça “Doroteia” nos mostra a personagem título quando, depois da morte do filho, resolve abandonar a prostituição e procurar por suas primas em busca de uma vida virtuosa. No entanto, elas a repudiam por causa de seu passado e por julgarem que sua beleza atrai o pecado. Para aceitá-la, lhe impõem uma condição, Doroteia precisa ficar feia. 

Em síntese essa é a trama de “Doroteia”, mas Gerald Thomas não vai encenar a peça. Ele parte dela e das provocações que ela lhe imprime para produzir um espetáculo (um estudo) que de alguma forma dialogue com a Doroteia de Nelson Rodrigues, ao mesmo tempo em que investiga a alma do seu criador e o seu tempo. 

Foto: Matheus José Maria

“Nelson Rodrigues foi a própria Weltschmerz* em pessoa, mas ninguém lhe dava o crédito humanístico para tal. Ele era ‘tudo’, mas esse tudo não compreendia o sofredor do mundo. Weltschmerz é o peso que eu atribuo a essa peça que aqui não enceno. O que enceno são estudos. Estudos decompostos dela. Estudos como se fossem gargarejos, ou ruídos ainda vindos de Hiroshima ou das profundezas de Auschwitz ou de qualquer lugar onde a tirania… sim, a tirania militar ou qualquer outra roubasse a alma humana do corpo, rasgasse a alma, esquartejasse a alma como se não valesse coisa nenhuma e a trocasse por alguns míseros centavos de beleza postiça”, comenta Thomas.   

“Há duas semanas me deparei novamente com ‘No Vento e na Terra I’, pintura de Iberê Camargo (muito provavelmente uma das telas mais emocionantes que conheço). Eles dois e também o Marcel Duchamp são estudos fascinantes e rumos fascinantes. Rumos plásticos, rumos drásticos e rumos obviamente dramáticos. É só ver a natureza do que está implícito em tudo isso: Camargo, Rodrigues e Duchamp.” (Gerald Thomas – São Paulo, 20 de junho de 2022)

Foto: Matheus José Maria

Para este trabalho, Gerald reúne um time de artistas de peso, como Fabiana Gugli (que já vem de uma longa parceria artística com o diretor), Rodrigo Pandolfo, Raul Barreto, Beatrice Sayd, Ana Gabi e a norte-americana Lisa Giobbi, que atuou em “Dilúvio” e também assina coreografia e codireção.  

O desenho de luz é de Wagner Pinto e a direção de produção é de Dora Leão, também parceiros de longa data do diretor.  

* Weltschmerz (do alemão), literalmente dor de mundo, também cansaço do mundo. Seu significado original no dicionário alemão Deutsches Wörterbuch, concebido pelos Irmãos Grimm, denota uma tristeza profunda sobre a insuficiência do mundo.  

Gerald Thomas 

Autor e diretor de teatro cujas habilidades alcançam a dramaturgia, iluminação, cenografia, figurino, desenho e música. Nascido em Nova York (EUA), em 1954, entre 7 e 15 anos de idade, morou no Rio de Janeiro com seus pais, depois viveu por quase 1 ano em NY e 8 anos em Londres.  

Sua extensa trajetória o fez passar por pelo menos 15 países e vencer por duas vezes o Prêmio Molière e uma vez o Prêmio Mambembe. Criador de uma estética elaborada a partir do uso diferenciado de cada um dos recursos teatrais e orientada pelo conceito de “ópera seca”, Gerald Thomas renova a cena brasileira nas décadas de 1980 e 1990. Dirigiu, entre outros: Fernanda Montenegro, Tônia Carrero, Sérgio Britto, Ítalo Rossi, Rubens Corrêa, Marco Nanini, Ney Latorraca, Julian Beck, em peças marcadas pela ousadia e irreverência, tornando-o um dos mais instigantes encenadores da atualidade. 

Sua carreira teve início em Londres, onde participa do grupo performático e multimídia Exploding Galaxy. No grupo amador Hoxton Theatre Company, realiza suas primeiras experiências como diretor. Já em Nova York, trabalha no La MaMa, espaço dedicado a encenações experimentais de todo o mundo, onde produz três espetáculos consecutivos, com textos de Samuel Beckett. Desde o primeiro projeto, Thomas visa uma proposta teatral na qual a identificação emocional seja suprimida, dedicando-se a mostrar o pensamento como processo, e o processo como tempo e espaço da cena. Trabalhou com Samuel Beckett, inicialmente em Paris, adaptando novas ficções do autor, entre elas, All Strange Away e That Time com Julian Beck, em sua única atuação como ator fora do Living Theatre. Em 1986, funda a Companhia de Ópera Seca, onde solidifica sua dramaturgia paródica e desconstrutivista, além de iniciar parceria com o compositor Philip Glass e o dramaturgo alemão Heiner Müller. O filósofo Gerd Bornheim considera que Thomas representa, no campo das discussões teatrais, mais do que um propositor de estéticas, mas “um pensador prático criador de uma Poética, ou seja, de um modo de produzir o novo”.  

No Brasil, seus espetáculos mais recentes foram: “Entredentes” (2014), “Dilúvio” (2017) e as peças online “Terra em Trânsito” e “G.A.L.A”, ambas em 2021. Thomas é ainda autor dos livros: “Nada prova nada” (Record, 2011), “Arranhando a superfície” (Cobogó, 2012), sua autobiografia “Entre duas fileiras” (Record, 2016) e “Um circo de rins e fígados: o teatro de Gerald Thomas” (Edições Sesc, 2019). No segundo semestre de 2022, lança seu novo livro “Blow – Cocaine” pela Galileu Edições.  

Foto: Matheus José Maria

Ficha técnica 

Criação e Direção
Gerald Thomas

CoDireção, Coreografia e Performance Aérea
Lisa Giobbi

Elenco
Fabiana Gugli, Rodrigo Pandolfo, Lisa Giobbi, Beatrice Sayd, Ana Gabi e Raul Barretto.

Dramaturgismo
David George

Desenho de Luz
Wagner Pinto

Cenografia e Direção Técnica
Fernando Passetti

Adereços
Clau Carmo, Raíssa Milanelli

Figurinos
João Pimenta

Poeta
Luciene Carvalho

Sonoplastia e Trilha Sonora
Ale Martins

Músicas

Portugal é um Nerologismo
Fatima Vale & Charles Sangnoir

SKÆLV B
Kasper Toeplitz & Jørgen Teller

A Guerra, A Guerra II, Marcha Fúnebre
Eduardo Agni

Lamento
Eduardo Agni (com participação especial de Mônica Salmaso – voz)

Direção de Produção
Dora Leão

Assistente de Direção
André Bortolanza

Assistente de Produção
Ingrid Lais Monreal

Assistentes de Iluminação
Gabriel Greghi, Gabriela Cezario

Assistente de Cenografia
Vinicius Cardoso

Assistente Técnico
Samuel Kobayashi

Contrarregras
Calú Batista, Raíssa Milanelli

Maquinistas
ClaudioBoi, Mazinho, Rafael Dias, Zé DaHora

Cenotécnicos
Carol Nogueira, Casa Malagueta, Neide Cecilia, Rafa Dias, Su Martins, Usina da Alegria Planetária, Zé DaHora

Auxiliar de Montagem
Eron Dias, Iuri Dias, Leandro Wildenes, Rodrigo do Nascimento, Willians dos Reis

Direção e técnica do vídeo (de Ana Gabi)
Carol Thusek

Visagismo
Louise Helène

Aulas de Corpo
Fabricio Licursi

Camareiras
Andrea Lima (Temporada), Maria Rosa Nepomuceno (Ensaios)

Segurança
Juliana Ferreira

Assessoria de Imprensa
Ney Motta

Desenho e Pintura
Gerald Thomas

Fotos de Divulgação
Carol Thusek, Claudia Santos de Oliveira

Produção e Administração
PLATÔproduções

Realização
Sesc SP

Agradecimentos
Adriane Gomes, André Boll, André Omote, Beatriz Gugli Oliveira, Bruno de Mario, Fatima Vale, Flora Barros, Giovanne Piantavinha, Grazi Vieira, Guilherme Bortolanza, Guilherme Marques, Hans Aschenbach, Jørgen Teller, Julia Moreira, Liliane Guglielmetti de Carvalho, Luciene Carvalho, Mileny Santos Lima, Sr. Alan, Sr. Brasil, Persona Seguros, Pégasus Saúde e toda a equipe do Sesc Consolação.

Serviço 

F.E.T.O. (ESTUDOS DE DOROTEIA NUA DESCENDO A ESCADA) 
Livremente inspirado em Doroteia de Nelson Rodrigues
 

Estreia nacional: 27 de julho de 2022 
Temporada de 27 de julho até 28 de agosto 
Dias e horários: Quartas, quintas, sextas e sábados às 21h e domingos às 18h 

Local: Teatro Anchieta – Sesc Consolação 
Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, São Paulo  
Lotação do teatro: 280 lugares 

Valor dos ingressos: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia entrada) e R$ 15,00 (credencial plena)
Ingressos adquiridos na bilheteria ou antecipadamente pelo site sescsp.org.br, disponíveis para venda no site a partir das 14h do dia 19/7, ou nas bilheterias das unidades do Sesc São Paulo a partir das 17h do dia 20/7.  

Classificação: Indicado para maiores de 16 

Duração: Aproximadamente 120 min 

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