Tudo começou na sala de espera de um consultório de pneumologia. O problema com o peso e a falta de energia colaboraram para o desenvolvimento da Asma. O tratamento acontecia há alguns meses e as crises eram constantes. A bombinha tinha se tornado minha melhor amiga. Naquele dia, a pior crise de todas me pegou. Para tentar amenizar a situação, a secretária ofereceu uma xícara de chá mate com cravo e canela. A mistura trouxe a calmaria e ajudou amenizar a respiração.
A partir daí, descobri uma nova válvula de escape.
Minha mãe fez desse chá um hábito. Todas as noites, ela preparava uma garrafa cheia e oferecia uma xícara para cada um. Independentemente da conclusão do tratamento, a bebida continuou sendo a companhia perfeita para qualquer situação.
Por conta do tempo e da curiosidade em explorar novos sabores, comecei a pesquisar sobre as diversas maneiras de preparo de um chá. Na oficina Chás, Memórias de Aquecer, conheci o método de infusão, que consiste no despejo da água fervente em um recipiente e na adição de duas colheres de chá da planta desidratada ou fresca. Ao abafar o recipiente, enquanto a bebida não fica pronta, ideias e lapsos me fazem companhia. Às vezes, o preparo inibe princípios ativos de plantas medicinais, mas o aroma continua magnífico. Hoje, ao chegar em casa depois da aula, sinto a fragrância do cravo e da canela sendo fervidos com o açúcar cristalino. O colocar da erva consolida e completa toda a mistura de essências, e o primeiro gole sempre se confunde com a primeira experimentação. O bem-estar toma conta do momento e, em pensamento, reina a sensação de aconchego materno.
Tentei fazer esse chá algumas vezes, todas sem sucesso. O cheiro não é o mesmo. O gosto fica mais amadeirado e até a textura muda. Talvez isso aconteça por conta da carga emocional que a bebida carrega, ou eu não tenha aprendido todas as técnicas que minha mãe conheça. Nada que eu faça se compara a grandeza dos feitos dela.
A relação em sociedade seria mais humana e respeitosa se, ao chamar alguém para tomar um chá, tudo se resolvesse. Para mim, o chá sempre será sinônimo de afeto e acolhimento.
Texto por Bryan Belati, estudante de jornalismo e estagiário de comunicação do Sesc Birigui.
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