O Sesc apresenta o Seminário Sesc Etnicidades, uma ação educativa com dimensão formativa e afirmativa, centrado no protagonismo de pessoas negras e indígenas.
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Pessoas negras e pessoas indígenas… Existe alguma semelhança entre elas?
Dois grupos sociais que descendem de povos cujas práticas, culturas e tecnologias influenciaram, alavancaram e serviram de base para construir a sociedade como é formada hoje. Detentores de grande parte das conquistas da história do nosso país e, que foram, ao longo dos séculos, impedidos de acessarem e praticarem livremente suas identidades, por conta da exploração e violação de seus direitos desde a colonização.
Diante deste contexto, a ação Identidade Brasilis coordenada pela Administração Nacional do Sesc, com um caráter educativo cultural, propõe articulações que visam suscitar questionamentos, fazer conhecer as produções artísticas, dialogar sobre questões referentes às memórias das sociedades originárias e afrodiaspóricas e discutir construções históricas que legitimaram a colonização desses dois grupos ao longo dos séculos.
Neste ano de 2022, a ação oferece uma programação educativa, por meio da produção artística-cultural de pessoas negras e indígenas, em conjunto com regionais do Sesc nos estados do Acre, Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Sergipe, Tocantins, Santa Catarina e São Paulo.
Como parte desta proposta, o Sesc São Paulo apresenta, de 10 a 12 de agosto, no Sesc 24 de Maio, o Seminário Sesc Etnicidades, uma ação educativa com dimensão formativa e afirmativa, centrado no protagonismo de pessoas negras e indígenas na composição dos diálogos e das reflexões para um debate crítico de dimensão étnico-racial. Quando eu penso no futuro, não esqueço o meu passado, é o tema principal do seminário, que traz reflexões sobre universos artísticos e culturais que contemplam as perspectivas históricas contemporâneas desses dois grupos, buscando o desenvolvimento de uma formação sobre as diversas questões sociais que os envolvem.
Para expandir a compreensão de outras singularidades, identidades, representatividades, territórios e memórias, e com contribuições de pessoas indígenas, não indígenas, negras e não negras, as giras (espaços de trocas e circulação de saberes) buscam trazer questionamentos e reflexões ligados a ambos os povos, apresentando modos de vida, formas de ver e se colocar no mundo, questões ligadas às políticas públicas, estudos da história da África e dos povos indígenas no Brasil, e a formação da sociedade nacional.
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Acompanhe a programação que acontece presencialmente no Sesc 24 de Maio
Dia 10 – quarta-feira
Local: foyer do teatro – 1º subsolo
Por meio de suas composições, o Bloco revive os 17 anos de existência e suas femenagens para Leci Brandão, Elza Soares, Lia de Itamaracá, Carolina Maria de Jesus, Raquel Trindade, Rainha Nzinga, Nega Duda entre outras. As músicas trazem referências artísticas como o jongo, a ciranda, o maracatu, o ijexá, ritmos malinkês da África do Oeste e o candombe, ritmo afro-uruguaio. Local: início na Área de Convivência (3º andar).
A gira (espaço de trocas e circulação de saberes) realiza uma discussão, desde um sentido ancestral, para pensarmos as continuidades, principalmente ao que se refere às questões das organizações político-sociais do povo negro e indígena, em sua pluralidade. Local: Teatro. Com:
Leda Maria Martins, rainha de Nossa Senhora das Mercês da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário no Jatobá, em Belo Horizonte. Poeta, ensaísta, dramaturga, professora, doutora em Letras e mestre em Artes.
Sandra Benites, curadora, educadora e pesquisadora Guarani-Nhandeva. Doutoranda em antropologia social.
Marcos Henrique Rego, artista da cena. Graduado em Artes Cênicas, docente na Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna, e gerente de Cultura no Departamento Nacional do Sesc.
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Dia 11 – quinta-feira
Partindo de uma perspectiva racial e genericamente marcada, a gira tem a proposição de discutir território, espacialidade, identidades, saberes e fazeres tradicionais desde um viés artístico-cultural, tomando as perspectivas cosmológicas, social e políticas como dimensões da discussão. Pretende-se mirar, também, para as concepções indígenas e não-indígenas de sociedade, educação e artes vigentes no Brasil presentes na fabricação do estereótipo do “índio didático”, no âmbito das Artes. Local: Teatro. Com:
Naine Terena, mulher do povo Terena, mestra em artes, doutora em educação, pesquisadora, professora universitária, curadora e artista educadora. Foi agraciada como Mestre da Cultura de Mato Grosso (Brazil – 2020/2021).
Deba Tacana, pesquisadora, educadora e ceramista. Filha de indígenas e ciganos, formou-se no chão das periferias por entre a diversidade e lutas populares das fronteiras culturais e geográficas da Amazônia ocidental- Brasil x Bolívia. Mestra em Artes Visuais.
Jaqueline Silva, doutora em Antropologia, graduada em Ciências Sociais e idealizadora do projeto MonografiaPreta, que realiza a tutoria de mulheres negras para a escrita do trabalho final de graduação. Atualmente é analista de Patrimônio Cultural no Polo Sociocultural Sesc Paraty – Departamento Nacional.
A gira propõe circular, debater, amarrar e enlaçar palavras e práticas de matrizes afro-brasileiras das pessoas que vieram antes e das que seguem preservando vidas, produzindo arte, construindo novos sentidos e reinventando mundos de forma crítica. Local: Teatro. Com:
Bel Santos Mayer – educadora social, mestra em Turismo, coordenadora do Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário – IBEAC, co-gestora da Rede LiteraSampa, formadora de jovens mediadores de leitura, docente da pós-graduação Literatura para Crianças e Jovens do Instituto Vera Cruz e integrante do Grupo de Pesquisa Direitos Humanos, Democracia e Memória do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP).
Thiffany Odara, Iyálorìṣa, especialista em gênero, raça, sexualidade e etnia na formação de educadores pela UNEB, mestranda em educação, autora do livro Pedagogia da Desobediência: Travestilizando a Educação e cria conteúdos popularizando conhecimentos ancestrais e travestilizando as relações.
Carlos Magno, ator, produtor e curador. Analista de Cultura do Sesc Fortaleza – CE, integra a Rede Sesc de Arte Educação e a Rede Sesc de Artes Cênicas. Circula com o espetáculo Todo Camburão tem um Pouco de Navio Negreiro.
Essa mesa debate sobre o estatuto da branquitude e seus privilégios a partir da pedagogia, das artes e da antropologia na direção de refletir e imaginar outras vias inclusivas da diversidade no país. Local: Teatro. Com:
Flávio Santiago, filho de Oxalufã, caipira do interior paulista, gordo, gay, pós-doutorado e doutor em Educação.
Leonardo Bertolossi, antropólogo e historiador. Pós-doutor em Imagem e Cultura e doutor em Antropologia Social. Professor de história da arte na UNIVERITAS-Rio.
André Gracindo, responsável pela gestão da área de Artes Cênicas no Sesc Rio de Janeiro, coordenando a curadoria de projetos culturais. Bacharel em Artes Cênicas e mestre em Estudos Contemporâneos das Artes.
Aula performance que consiste numa imersão teórico-prática, voltada para o estudo coletivo e pessoal, partindo do corpo como produtor de conhecimentos, de valores estéticos, historiográficos, políticos e identitários na cultura tradicional Mandingue e nas danças dos Blocos Afro de Salvador, encruzilhados pela noção de tempo, espaço, ritmo, rítmica, musicalidade, memórias, diversidade corpórea, social e cultural. Local: Hall de Ginástica – 10º andar. Com:
Mariama Camara, guineana que vive no Brasil há 14 anos. Dançarina, percussionista, cantora, coreógrafa e professora. Integrou o Les Ballets Africains (1999-2007).
Vânia Oliveira, candomblecista, artivista, eleita rainha do bloco afro Malê Debalê em 2000 e 2006, princesa do bloco afro Ilê Aiyê em 2001 e 2014, mestra em dança e doutoranda do Programa de Pós-graduação de Difusão do Conhecimento.
Fabiano Maranhão, brincante, graduado em Educação Física e mestre em Educação. Assistente técnico da Gerência de Estudos e Programas Sociais do Sesc São Paulo.
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Dia 12 – sexta-feira
Se quer saber sobre os fundamentos de um grupo social, faz-se necessário deslocar as percepções. Esta atividade consiste em uma visita e vivência em espaços de existência negra e indígena. Incluso: transporte, vivência, roda de conversa e almoço. Máximo de 25 pessoas por roteiro.
Roteiro 1 – Teatro Popular Solano Trindade (BA e SC)
Histórias da família Trindade, que vai contar como se formou o clã cultural e trançar uma ponte com a cultura de rua nos dias de hoje, conectada com a poesia de Solano. Fundado em 1975 pela artista plástica, coreógrafa e folclorista Raquel Trindade na cidade de Embu das Artes, Estado de São Paulo.
Roteiro 2 – Jaraguá é Guarani (PA e PB)
Trilha para compreender a presença secular dos povos guaranis no território. Após uma vivência na aldeia indígena junto aos Guaranis, será feita uma parada na comunidade cultural Quilombaque, em Perus.
Roteiro 3 – Inzo Tumbansi / Instituto Latino-Americano de Tradição Afro Bantu (TO e Pantanal)
O Inzo Tumbansi é uma comunidade tradicional de matriz centro africana, localizada na cidade de Itapecerica da Serra sob a liderança de Taata Katuvanjesi – Walmir Damasceno.
Atividade de troca, intercâmbio e reflexões sobre as experiências nos territórios vivenciados. Praticantes destes territórios promovem encontros com diferentes dimensões e perspectivas. Local: Área de Convivência. Com:
Leonardo Moraes, filho de Celma Moraes Batista, irmão de Vanessa Moraes Batista, neto de Maria de Lourdes Diogo Moraes, sobrinho de Edna Moraes, Maria Lúcia Moraes, Luciana Maria Moraes e Bernadete de Fátima Moraes. Criado e forjado no matriarcado de mulheres negras. Musicista, pesquisador, educador e curador. Analista de Cultura no Departamento Nacional do Sesc. Atua na gestão das ações de Arte Educação do Programa Cultura de maneira colaborativo-participativa com profissionais de todo o Brasil.
Samba de empoderamento e exaltação às mulheres sambistas, às grandes compositoras, às grandes intérpretes, às guerreiras do samba. A concepção de Samba de Dandara carrega o peso e a inspiração de Dandara, mulher negra, guerreira e referência histórica na luta contra a escravização. Passeia por ritmos afro-brasileiros, sobretudo o samba em suas diversas vertentes, além de ijexás, afoxés, pontos de candomblé e umbanda. Propõe debates sobre ancestralidade e protagonismo feminino. Recebe as cantoras Raquel Tobias e Ayô Tupinambá. Local: Teatro.
Raquel Tobias, compositora e intérprete paulista com vasto repertório e referências no samba-raiz, samba contemporâneo, samba-rock e soul. Sua história foi contada no livro Aqui, tudo é samba – Raquel Tobias, da Editora Kazuá.
Ayô Tupinambá, travesti, preta, gorda e periférica. Dentro de sua pluralidade artística, está presente nas artes do canto, teatro e literatura. Diretora e roteirista do espetáculo Travestis na MPB.
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