Com o objetivo de trazer uma perspectiva histórica e crítica sobre a trajetória do movimento ambientalista, especialmente no Brasil, o Sesc São Paulo, por meio da área de Educação para Sustentabilidade e Cidadania, e a Cátedra Sustentabilidade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) realizam o Seminário Trajetórias do Ambientalismo Brasileiro nos dias 29 e 30 de junho de 2022 no Sesc Belenzinho, em São Paulo.
Abordando um histórico de construção e de lutas, combinado com um momento de atenção da sociedade no campo socioambiental, o Seminário pretende estabelecer conexões e diálogos entre aqueles que vêm protagonizando o Movimento Ambientalista, a partir de perspectivas de pensamento e ações para o enfrentamento dos conflitos socioambientais.
Para refletir, debater e projetar os rumos do movimento, especialistas e protagonistas de várias áreas e frentes de atuação estarão reunidos para tratar das seguintes temáticas:
Faces e interfaces do ambientalismo no Brasil: contexto histórico, pautas, lutas e protagonistas
Conferência de Abertura
Com Marina Silva e mediação de Maria Zulmira de Souza (Zuzu)
29/06 (quarta-feira) das 18h30 às 20h30
Show com Priscilla Ermell, das 20h30 às 21h30
O papel das ONGs frente às pautas emergentes e insurgentes
Com Suzana Padua, Rubens Born, Marcos Sorrentino e mediação de Andrea Rabinovici
30/06 (quinta-feira) das 10h às 12h
Territórios em disputa: novas lideranças e frentes de atuação
Com Sineia Wapichana, Roberta Simonetti, Vilma Martins e mediação de Renzo Romano Taddei
30/06 (quinta-feira) das 14h às16h
Ciência, Educação e Cultura como fundamentos para transformação socioambiental.
Com João Paulo Capobianco, Carlos Nobre, Adriana Ramos e mediação de Zysman Neiman
30/06 (quinta-feira) das 16h30 às 18h30
Show com Corda de Barro, das 19h às 20h
Inscrições: A partir de 01/06/22 às 14h, online no portal sescsp.org.br ou presencialmente nas unidades do Sesc em São Paulo. Valor R$ 50 (inteira), R$ 25 (Meia), R$ 15 (Credencial Plena).
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Histórico: Ambientalismo no Brasil e no mundo – “Cabia todo mundo dentro de uma Kombi”!
A frase, proferida pelo Prof. Paulo Nogueira Neto, era uma referência aos ambientalistas nos anos 1970. Foi no começo dessa década, mais precisamente em 1972, que a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou a 1a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento em Estocolmo, na Suécia.
Este evento contou com a adesão de 113 países e teve como resultado a elaboração da Declaração sobre o Meio Ambiente, a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a recomendação do desenvolvimento do Programa Internacional de Educação Ambiental (PIEA). Havia então se passado apenas 10 anos desde a publicação do importante livro “Primavera Silenciosa”, da ecóloga Rachel Carson, obra que é considerada um marco, pois foi a primeira a denunciar os danos causados ao meio ambiente por substâncias tóxicas lançadas pelo ser humano.
No entanto, o que os pioneiros em defesa do meio ambiente não poderiam imaginar que, apenas 10 anos depois, em 1982, o número de militantes da causa ambiental já era bem maior. Reunidos no Parque Nacional das 7 Quedas (PR), dez mil manifestantes protestaram contra a formação do lago da usina de Itaipu, que ocultaria, meses depois e para sempre, umas mais belas paisagens do Brasil. O acampamento “Quarup pelas 7 Quedas” virou notícia em toda a imprensa nacional e internacional e é considerada uma importante manifestação ocorrida na história do movimento ambientalista.
Quando a ONU realizou a 2a Conferência sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente, desta vez no Rio de Janeiro, a pauta ambiental já era uma realidade presente em diversos segmentos da sociedade, e o evento alavancou a criação de grande parte das Organizações Não Governamentais (ONGs) brasileiras até hoje em atividade, assim como consolidou uma agenda nacional e internacional de políticas públicas de proteção ao meio ambiente e à garantia de qualidade de vida para as sociedades humanas.
Nesse evento histórico, que ficou conhecido como Rio-92, os mais importantes acordos internacionais foram assinados pelos líderes mundiais (Agenda 21, Convenção da Biodiversidade, Convenção da Desertificação, Convenção das Mudanças Climáticas, Declaração de Princípios sobre Florestas, Declaração do Rio sobre Ambiente e Desenvolvimento, Carta da Terra), e a sociedade civil organizada, com muita luta, se tornou protagonista dos debates, realizando o “Fórum Global”, no Aterro do Flamengo, evento paralelo que ocorreu simultaneamente ao encontro oficial, realizado a poucos quilômetros dali.
É na 1a Jornada de Educação Ambiental, realizada durante o Fórum Global de 1992, que os educadores ambientais de diversos países conseguem se reunir para concluir e publicar o “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”, sua carta maior de princípios e diretrizes, que auxilia até os dias atuais ações educativas, assim como a construção de ONGs, grupos e redes de educação ambiental. Foi lá, também,
que os mais de 12 mil representantes de ONGs e dos movimentos sociais de diversos países aprovaram o Tratado de ONGs de População, Meio Ambiente e Desenvolvimento, depois da realização de diversos debates, seminários, conferências, reuniões, exposições, manifestações políticas e culturais.
Inspirado no “Fórum Global” da Rio 92, a Cúpula dos Povos ocorreu no Rio de Janeiro em junho de 2012, com o objetivo de discutir as causas da crise socioambiental, apresentar soluções e fortalecer movimentos sociais do Brasil e do mundo. Foi organizado pela sociedade civil a partir de um processo de acúmulos históricos e convergências de diversos movimentos sociais.
Simultaneamente, aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+20, que tinha como tarefa realizar o debate sobre sustentabilidade, bem-estar e progresso da sociedade.
Relembrar essa história e fazer um balanço dos avanços e retrocessos da pauta e da participação e envolvimento cidadão com as questões socioambientais desde então é uma oportunidade para redefinir os caminhos e, quiçá, mobilizar, novamente e com outras metodologias e ferramentas, as pessoas preocupadas com os riscos e impactos da crise socioambiental e seus efeitos perceptíveis no planeta. Desde a publicação de “Primavera Silenciosa”, há 60 anos, passando pela Conferência de Estocolmo, realizada há 50 anos, pelos 40 anos do “Quarup pela 7 Quedas, e pela Rio 92 que já comemora, em 2022, seus 30 anos, muita coisa mudou no mundo e no próprio movimento ambientalista.
Juntar as pessoas, não mais em uma kombi e sim em diversas iniciativas em prol da construção de um meio ambiente saudável, culturalmente diverso e socialmente justo, prevendo reflexão e ações imediatas, é o que temos em perspectiva para o Seminário: Trajetórias do Ambientalismo Brasileiro, evento de encerramento do projeto Ideias e Ações para um Novo Tempo, em que as Unidades do Sesc São Paulo mapeiam em seus territórios iniciativas socioambientais voltadas ao desenvolvimento local e que tenham, entre outros atributos, potencial educativo e práticas de respeito ao ambiente e à diversidade cultural.
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