Sesc Birigui abre horizonte digital para público leigo

05/09/2018

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Foto: Aretha Bognar

Um mundo sem galeria de fotos, e-mail, site de busca, pastas para organizar seus documentos digitais, instalar aplicativos, compra online, redes sociais, nuvem para armazenar dados, enfim, um mundo analógico. Consegue imaginar? Pois é assim que vive uma fatia da população brasileira que não acompanhou o avanço da era da informação.

Alguns dados do Instituto de Estatística da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) reforçam essa realidade. A pesquisa, de 2015, mediu certos parâmetros relativos à proporção de jovens e adultos que possuam habilidades de tecnologia da informação e da comunicação por tipo de habilidade no Brasil. Apenas 12,5% da população de jovens e adultos tem a habilidade para conectar e instalar novos dispositivos. Criar apresentações eletrônicas com softwares de apresentação é dominado por apenas 12% das pessoas. Para copiar e mover arquivos e pastas este índice sobe um pouco, mas ainda não chega nem à metade da população, 26%.*

O termo “letramento digital”, compreendido como a capacidade que o indivíduo possui de responder adequadamente às demandas sociais que envolvem a utilização dos recursos tecnológicos, é considerado por muitos um bicho de sete cabeças.

No curso de Letramento Digital, que vai até setembro no Espaço de Tecnologias e Artes (ETA) do Sesc, com aulas às terças e quintas-feiras, os conteúdos focam na introdução dos participantes às tecnologias digitais, assim como o aprendizado do computador enquanto instrumento, o funcionamento, as peças e os programas mais utilizados. Quase que a totalidade do público é composta por idosos.

“A ênfase na experiência humana e na cidadania são pilares nas ações do Espaço de Tecnologias e Artes. O curso de letramento digital atende a essas diretrizes: possibilita o acesso ao universo digital, por meio de uma metodologia liderada por um profissional capacitado para conduzir as aulas, o contato desde o início com as tecnologias e capacita as pessoas para que possam exercitar sua autonomia e realizar outras tantas atividades no Espaço- oficinas de tecnologias, entre outras- e na vida. Experimentar e fortalecer a cidadania são norteadores deste curso”, afirma Bárbara Guirado, técnica de programação do Sesc Birigui.

(Curso de Letramento Digital no Sesc Birigui. Foto: Aretha Bognar)

A aposentada Marilena Santello Bolleli, 75 anos, uma das alunas, conta que o convite para participar do curso surgiu no próprio Sesc Birigui, em uma visita feita com seu neto à Biblioteca da instituição. “Eu sempre fiz compras pela internet utilizando aplicativos e acabava tendo que pagar o frete por não saber fazer o pedido no site da loja. E o curso veio em uma boa hora”, afirma Marilena.

Marilena diz ainda que conseguiu perceber o seu desenvolvimento e o dos colegas pouco tempo depois do início do curso, e alega que esse resultado se deve à paciência da educadora na explicação das atividades e comandos.

“Percebemos que a relação com as tecnologias digitais é pautada por uma questão histórica. O público idoso não teve a mesma vivência que nós temos e nossos filhos estão tendo desde crianças. Isso significa que o curso precisa ser pensado como a aquisição de uma linguagem. E mesmo assim as dificuldades e inseguranças permanecem nos primeiros encontros”, esclarece Aline Yuri, instrutora do Espaço de Tecnologia e Artes do Sesc Birigui. 

O caso de Iracema Carvalho, 64, também aposentada, é um pouco diferente. Ela havia comprado um celular que permite acesso à internet, mas acabou dando de presente ao neto por não saber usar. “Eu tinha feito um curso de informática antes, mas consegui aprender poucas coisas. E como não tive a oportunidade de praticar depois, esqueci os comandos”, relata.

A aluna esclarece que quer aperfeiçoar o envio de e-mails e aprender a ler livros pelo computador, para que a ferramenta facilite o acesso ao seu hobby preferido, mesmo que ainda prefira a versão física.

Por outro lado, Mário César Bressan, 66, nunca teve celular. E até hoje, por opção dele, essa realidade não mudou. Ele ressalta que prefere o tête-à-tête, pois acredita que o celular distancia as pessoas. Entretanto, o curso fez seus olhos brilharem ao aprender os comandos que o computador possui, principalmente pela visão mais ampliada que o monitor oferece ao usuário.

Clique aqui e saiba mais sobre essa programação.

 

*(http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/education/education-2030/sdg-4/)

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