SEU CORPO EM MOVIMENTO | Hábitos e personalidade ajudam na escolha da atividade física

01/09/2022

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GOSTOS, HÁBITOS E PERSONALIDADE PODEM SER INDICADORES PARA A ESCOLHA DA ATIVIDADE FÍSICA MAIS APROPRIADA PARA VOCÊ, SEGUNDO PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Leia a edição de setembro/22 da Revista E na íntegra

Da sala para a cozinha, da cozinha para o quarto e, de lá, para o banheiro. Essa foi a rotina máxima de movimento que muita gente, confinada em casa e trabalhando em formato home office, manteve durante a pandemia. Resultado: 52% dos brasileiros ganharam, em média, 6,5 quilos em 2020, ocupando o topo do ranking entre 30 países, segundo a pesquisa Dieta e Saúde sob a Covid-19, realizada pelo instituto Ipsos com 22 mil pessoas em todo o mundo, no fim do primeiro ano de isolamento social.

De acordo com a psicóloga clínica e do esporte Thabata Telles, “estamos tão sedentários que pensar em 150 minutos (2 horas e meia de atividade física por semana) não é mais suficiente. Mas, ao mesmo tempo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) faz esse apelo, ela diz que cada minuto conta [Leia Cada passo conta – Encontros com Marcio Atalla, publicado na Revista E nº 308, de junho de 2022]”. O mais importante, segundo Telles – que também é pós-doutora em Educação Física e Esporte pela Universidade de São Paulo (USP) e vice-presidente da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte (Abrapesp) –, é se movimentar. “Nem que seja uma caminhada leve de 20 minutos por vez. Nessa nova diretriz da OMS, há ainda a indicação de se fazer fortalecimento muscular pelo menos dois dias por semana, além do exercício aeróbico”, explica.

Foto: Drazen Zigic/Freepik

Ajustar as atividades físicas de acordo com as características de cada um e individualizar as rotinas de exercício físico podem aumentar as chances de a pessoa aderir a uma prática esportiva regular. É o que ensina o professor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP) Cassio Meira Jr. Ele estuda, desde 2006, a relação entre traços de personalidade e o interesse por determinados tipos de atividades físico-esportivas.

“Já fiz várias pesquisas com atletas de alto rendimento e praticantes de academia. Uso bastante um questionário chamado Big Five, que avalia cinco traços principais de personalidade e contém 44 perguntas, numa escala de 1 a 5 – sendo 1 ‘discordo totalmente’ e 5 ‘concordo totalmente’. Os traços são: extroversão (vitalidade), neuroticismo (estabilidade ou instabilidade emocional), amabilidade (empatia), abertura a experiências (gostar de atividades novas) e conscienciosidade (ser responsável e curtir ordem/disciplina)”, detalha Meira Jr. Segundo o professor da USP, os resultados obtidos são bastante consistentes e fazem um raio-X de como a pessoa é, e não de como está naquele momento.

De modo geral, Meira Jr. diz que competidores de modalidades individuais, como maratonistas e ciclistas, tendem a ser mais introvertidos e impulsivos e a gostar de atividades com rotinas e regras bem definidas, enquanto lutadores de artes marciais e atletas de nado sincronizado, por exemplo, têm uma maior tendência à extroversão – que também estaria ligada à criatividade. “Os introvertidos costumam privilegiar a precisão do movimento, tarefas mais longas e individuais. Já os extrovertidos preferem a velocidade, situações novas, variações nas atividades, companhia, conversa e luzes”, compara o especialista.

Passando do universo profissional para praticantes de academias ou de atividades ao ar livre, Meira Jr. afirma que esse tipo de autoconhecimento ajuda a moldar um treino mais adequado a cada pessoa: com mais ou menos variedade, pausas, intensidade, frequência, com ou sem música, individual, em dupla ou coletivo. “É muito diferente de você receber um treino padronizado. A atividade personalizada se adequa aos traços de personalidade, o que é um jeito de continuar a prática”, analisa.

Do seu jeito

A psicóloga Thabata Telles acrescenta, e o professor Cassio Meira Jr. concorda, que há uma série de outras variáveis que influenciam na adesão a um exercício – e em sua manutenção. “A escolha tem que fazer sentido ao perfil pessoal, mas também ser realista para ser executada no cotidiano. É preciso considerar a história de vida do sujeito, suas relações interpessoais e com o próprio corpo, e os objetivos com a prática”, explica Telles. A adesão, segundo a profissional, “só vai acontecer de forma efetiva e sustentável a longo prazo, para realmente mudar os hábitos de vida, se a atividade for adequada considerando-se todos esses fatores”, ressalta.

A psicóloga do esporte aponta que, entre os obstáculos que dificultam a prática de exercícios no dia a dia, para além dos longos períodos em que passamos sentados em frente ao computador, em carros ou no transporte público, estão: falta de tempo (que pode ser resultado de má gestão da rotina), pouco investimento do poder público, das empresas e instituições, ausência de condições financeiras e distância de onde a pessoa mora até o local da atividade. 

“Muitas vezes, não há lugares onde o indivíduo possa praticar uma modalidade que lhe seja acessível, como uma caminhada ou corrida, seja porque não há uma praça, parque ou quadra disponível por perto, seja porque nem a própria calçada está bem pavimentada ou iluminada. Isso sem contar a insegurança e a violência urbana”, pontua.

A vice-presidente da Abrapesp complementa que, acima de tudo, é importante estar aberto(a) à experimentação e que encontrar a melhor atividade física para cada pessoa não é um processo linear, mas complexo. “Recomendo tentar várias vezes, em lugares e horários diferentes, e por um tempo prolongado. Além disso, é mais fácil quando a sua motivação é intrínseca, ou seja, você faz porque gosta da atividade, sente prazer e vê sentido naquilo – e não por fatores externos, como perder tantos quilos, caber numa roupa, ficar com x centímetros de bíceps etc.”, defende.

Hoje, segundo Telles, há opções virtuais, individuais ou compostas por grupos pequenos, para se ter um acompanhamento mínimo e acessível. Algo que reverbera nos resultados da pesquisa Tendências Fitness ao Redor do Mundo, conduzida pelo Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, na sigla em inglês) e publicada no periódico Health & Fitness Journal, em 2021. O levantamento  revela as atuais preferências em todo o mundo – como aulas online, academias caseiras, exercícios com personal trainer, atividades ao ar livre, treinos funcionais e uso de aplicativos e tecnologias vestíveis.  

(Por Luna D’Alama)

MEXA-SE!

DE 17 A 25/09, SESC SÃO PAULO PARTICIPA DA SEMANA MOVE, 
CAMPANHA GLOBAL QUE ESTIMULA A PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS

Coordenada mundialmente pela entidade não governamental Isca (Associação Internacional de Esporte e Cultura, na sigla em inglês), a Semana MOVE é realizada desde 2013 no mês de setembro, nas Américas (sob a coordenação do Sesc São Paulo), e em junho, nos demais continentes. Com o objetivo de estimular a prática de esportes e atividades físicas entre todas as faixas etárias e estratos sociais, o evento deste ano ocorre de 17 a 25 de setembro, nas unidades do Sesc São Paulo e em instituições parceiras de 14 países latino-americanos.  

A 10ª edição da Semana MOVE tem como tema Faça do Seu Jeito, enfatizando que cada pessoa pode ter uma experiência diferente com o movimento e, ainda assim, manter um estilo de vida ativo e saudável. A programação foi dividida em cinco blocos temáticos (MOVE Zen, MOVE Academia, MOVE Esportes, MOVE Água e MOVE Criança), de modo a incentivar a adesão e a manutenção da prática de exercícios, reduzir o sedentarismo e promover a sociabilização, respeitando a individualidade de cada um.

Atividade realizada dentro da programação do SESC Verão 2018, na unidade do SESC Santos. Foto: Bruna Quevedo.

“Motivado pelo evento, o(a) participante pode identificar a prática que melhor se enquadra no seu dia a dia e que pode estar relacionada aos cursos esportivos do Sesc São Paulo ou às atividades oferecidas por centenas de parceiros (como escolas e clubes) engajados nesse movimento”, destaca Carol Seixas, gerente de Desenvolvimento Físico-esportivo do Sesc. Para Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc São Paulo, eventos e campanhas que incentivam a prática de atividade física, de maneira diversa e inclusiva, são exemplos do caráter educativo que permeia todas as iniciativas da instituição. “Uma sociedade mais plural e solidária favorece a existência de sujeitos autônomos, conscientes, e o desenvolvimento integral dos seres humanos”, afirma. 

Confira alguns destaques da programação:

SESC PINHEIROS

Pedalada Noturna (Lançamento da Semana MOVE)

Dia 10/09 (sábado), às 19h.

Passeio ciclístico pela região da unidade, num percurso de 20 quilômetros. Atividade indicada para todas as idades e níveis de condicionamento. 

Pré-requisito: Levar bicicleta.

SESC POMPEIA

Esporte e Sociedade

Dia 20/09 (terça), às 19h.

Bate-papo com o ex-jogador de futebol Richarlyson e a apresentadora Karine Alves sobre a relação do esporte com assuntos de impacto social, como racismo, homofobia, meio ambiente, diversidade e saúde física e mental.

SESC GUARULHOS

Vôlei com Serginho

Dia 17/9 (sábado), das 15h às 17h30.

O ex-jogador da seleção masculina de vôlei Sérgio Dutra dos Santos, mais conhecido como Serginho ou Escadinha, fala sobre sua trajetória, lutas e vitórias na carreira, que incluem medalhas de ouro nas Olimpíadas de 2004 e 2016 e de prata, em 2008 e 2012.

SESC REGISTRO

Vôlei na Escola, com Nalbert Bitencourt 

De 20 a 22/09 (terça a quinta), às 15h. 

O ex-atleta de vôlei de quadra e de areia, medalhista olímpico e atual comentarista esportivo Nalbert faz apresentações esportivas da modalidade em escolas municipais das cidades paulistas de Itariri, Pedro de Toledo, Ilha Comprida e Registro.

A EDIÇÃO DE SETEMBRO/22 DA REVISTA E ESTÁ NO AR!

Neste mês, a reportagem principal (Palcos por todos os lados – LEIA AQUI) conta como espaços não convencionais, como hospitais, barcos, apartamentos e estações de trem, viram protagonistas de espetáculos criados para serem encenados fora do teatro. Esses trabalhos subvertem a lógica da tradicional caixa cênica, fomentam novas narrativas e borram as fronteiras entre artistas e plateia. Conheça, ainda, os destaques da edição 2022 do Mirada – Festival Ibero-americano de Artes Cênicas, que acontece de 9 a 18 de setembro, em Santos (SP).

Além dessa reportagem, a Revista E de setembro/22 traz outros conteúdos: especialistas da área da saúde e do esporte defendem que a escolha da atividade física mais apropriada para cada pessoa pode ser definida com a ajuda do autoconhecimento; entrevista com a antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz que propõe um novo olhar para o passado, incluindo outras narrativas e protagonistas na trajetória recente de nosso país; conheça a trajetória de Letieres Leite, maestro baiano cuja sonoridade ancestral ampliou as bases da música afro-brasileira; a jornalista e cofundadora da Agência Pública Natalia Viana é a convidada do Encontros desta edição e fala sobre os desafios do jornalismo investigativo; conheça projetos arquitetônicos que, com o objetivo de pautar a sociedade e a vida coletiva, refletem os desafios da cidade contemporânea; depoimento da atriz e roteirista Cláudia Abreu, que esteve em cartaz no Sesc 24 de Maio, em julho, com o monólogo Virginia, de sua autoria – sobre a obra da escritora britânica Virginia Woolf; artigos de Fernanda Kaingáng e André de Paiva Toledo refletem sobre conceito, história e questões jurídicas da biopirataria, que consiste na exploração ilegal da biodiversidade e dos saberes tradicionais associados a ela; na seção literária, texto do psicanalista e escritor Caio Garrido sobre os dilemas existenciais de um bebê nascido em maio de 2020; o Almanaque desta edição dá seis dicas de lugares em São Paulo para desconectar da cidade, olhar para dentro de si e relaxar.

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